HOLLYWOOD – Há tempos que ele não emplaca um sucesso, mas, como diz o ditado quem é rei não perde a majestade. Harrison Ford comemora 73 anos nesta segunda-feira, 13. Nasceu em Chicago, Illinois, em 13 de julho de 1942. O vovô vai ganhar uma sobrevida nas telas. Todo mundo espera por sua participação, e pela de Mark Hamill, no novo Guerra nas Estrelas “The Force Awakens. O despertar da Força”. Em sua edição de agosto, a revista Empire, a maior revista de cinema do mundo, lista os 100 maiores personagens do cinema. Ford ocupa o 47º lugar, o terceiro e – tãtãtãtã – o primeiro, respectivamente com Rick Deckard, o caçador de androides de Blade Runner; Han Solo, o amigo de Luke Skywalker em Star Wars – o próprio Luke ficou só em 50.º; e Ford ainda emplacou o número 1 como Indiana Jones, na série dirigida por Steven Spielberg e produzida por George Lucas.
Nada mau para o filho de irlandês com mãe judia russa, que cursou inglês e filosofia e um dia resolveu ser ator. Mas ele não era bonito nem tinha um tipo interessante – um agente lhe disse isso – e foi acumulando tantos papeis insignificantes que começou a achar que esse negócio de cinema não era para ele. Em 1970, desiludido, resolveu ser marceneiro porque, afinal, tinha família para sustentar. E aí, como num conto de fadas, um cliente o indicou para um novo diretor, um certo George Lucas, que estava compondo o elenco jovem de American Graffiti, que seria lançado no Brasil, em 1973, como Loucuras de Verão. Na sua fase obscura, Ford fizera uma ponta em Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni, e voltaria a fazer outras, no ano seguinte de American Graffiti, em A Conversação, de Francis Ford Coppola. Mas pelo menos estava trabalhando no cinema e, em 1977, Lucas chamou-o de novo, e para um papel maior, o Han Solo de Star Wars, que depois viraria o quarto episódio da série, com o título Uma Nova Esperança.
O restante é história. Ford fez O Rabino e o Pistoleiro, western cômico de Robert Aldrich, nova figuração para Coppola (Apocalipse Now), mais um Han Solo (O Império Contra-Ataca) e outro (O Retorno do Jedi). Fez também Caçadores da Arca Perdida, o primeiro Indiana Jones, e Blade Runner. Virou mito, ícone, um dos atores mais bem pagos do mundo. E entre um Han Solo e outro Indiana (O Templo da Perdição) e mais outro (A Última Cruzada), fez A Testemunha, A Costa do Mosquito, Busca Frenética. Para não ficar só na aventura e na ficção científica, fez comédia romântica (Uma Secretária de Futuro). OK, bonito ele não se tornou, mas interessante, com certeza sim. Iniciou nova série, agora de espionagem (Jogos Patrióticos e Perigo Real e Imediato) foi presidente dos EUA (Força Aérea Um), tentou mudar e foi vilão, voltou a ser Indiana Jones (O Reino das Caveira de Cristal) e vai voltar a ser Han Solo (no ainda em produção Star Wars Episódio VII, de JJ Abrams). Ah, sim, e ainda entrou na dança de Os Mercenários 3, de Sylvester Stallone.
Esse tempo todo, dos anos 1960 até agora, foi trocando de mulher – Mary Marquardt, Melissa Gilbert e Calista Flockhart, a atual, desde 2010, mas já viviam juntos havia oito anos. Harrison Ford possui dois recordes no Guinness – como o ator mais rentável da história (apesar dos insucessos recentes) e o com maior número de filmes que ultrapassaram US$ 100 milhões nas bilheterias dos EUA. Claro que, por tudo isso, e o apoio do público, teve muitos reconhecimentos, mas não o Oscar. Ganhou Um César, o Oscar do cinema francês, honorário e o Cecil B. de Mille Award, que também é o Globo de Ouro honorário. Se por acaso você for a Hollywood e passear no Hollywood Boulevard, olho no chão. Harrison Ford tem sua estrela nas Calçada da Fama. Ela está na altura do número 6801.
Após acidente
Harrison Ford, enfim, apareceu ao lado dos companheiros de Star Wars. O ator, que sofreu um acidente com um avião de pequeno porte pilotado por ele, em março deste ano, se reuniu publicamente com Carrie Fischer e Mark Hamill, em um dos mais esperados painéis da Comic-Con realizada em San Diego, entre os dias 9 a 12. Na última sexta-feira, 10, o Hall H, maior sala do espaço destinado ao evento nerd, recebeu o painel de Star Wars.
A entrada de Ford foi recebida com palmas entusiasmadas do público presente – o local recebe até 6 mil pessoas. “Eu estou bem”, disse ele ao público, de acordo com o site The Hollywood Reporter. “Eu estou andando aqui, não é? Como poderia estar tão mal assim?”
Durante o Star Wars Celebration, outro evento dedicado exclusivamente à saga criada por George Lucas, Ford não participou e deixou seus companheiros de velha guarda dos filmes Carrie e Hamill, ao lado dos novos atores que protagonizarão O Despertar da Força.
“Deveria me sentir ridículo”, contou ele, quando questionado sobre como se sentia ao voltar a um set de Star Wars. “Foi há mais de trinta anos e eu meio que cresci. Ainda assim, lá estava eu. Vou dizer: me senti muito bem.”
Ford ainda deu um beijo e Carrie, uma lembrança dos tempos em que interpretava Han Solo e princesa Leia, para alegria do público presente.
O painel ainda exibiu um vídeo com os bastidores das filmagens do longa.
Além de Carrie, Ford e Hamill, o painel contou com Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver, Oscar Isaac, Domhnall Gleeson e Gwendoline Christie. O diretor J.J. Abrams, a produtora e presidente da Lucasfilm Kathleen Kennedy e o roteirista Lawrence Kasdan também passaram pelo Hall H.
Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força estreia em 17 de dezembro deste ano.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)