EDITORIAL
MANAUS – A Assembleia Legislativa do Amazonas virou motivo de chacota e indignação ao aprovar projeto de lei de autoria do deputado Péricles Nascimento (PSL), delegado bolsonarista, que concede o título de cidadão do Amazonas ao presidente da República Jair Bolsonaro (Sem partido, ex-PSL). Para o parlamento a medida é um tiro no pé.
Mas não é a primeira vez que o parlamento amazonense contraria a vontade do eleitorado que escolheu os 24 deputados. É recorrente atitudes como estas, principalmente nesta legislatura.
Bolsonaro, apesar de ainda ter apoio de um terço do eleitorado (de acordo com pesquisas recentes sobre popularidade e avaliação do presidente), vive um processo de abandono político em função do comportamento que teve desde o início da pandemia de Covid-19.
Esse comportamento foi desde o desprezo pelas ações pessoais, como uso de máscara e cuidados com a higiene, até a falta de insumos para atendimento de pessoas internadas em estado grave nos hospitais públicos do Brasil.
No início, encorajou a população brasileira a desrespeitar as regras de distanciamento social e ele mesmo deu o mau exemplo, promovendo aglomerações.
Chamou a Covid-19 de gripezinha e taxou de maricas as pessoas que não tinham coragem de atropelar as normas impostas pelos governadores e prefeitos e “encarar o vírus como homens”. Muitos que seguiram essa cartilha estão enterrados ou tiveram as cinzas jogadas em algum lugar desse Brasil. O país fechou o feriado de 21 de abril com 381.687 mortos pela doença.
O Amazonas foi um dos estados mais afetados pela doença, e acumula o maior número de mortos por 100 mil habitantes do país. Manaus chamou a atenção do mundo duas vezes desde março do ano passado, quando a Organização Mundial de Saúde declamou situação de pandemia: a primeira, entre abril e maio, quando a capital do Amazonas passou a abrir valas com tratadores para sepultar os mortos; a segunda, em janeiro deste ano, quando pacientes morreram asfixiados por falta de oxigênio medicinal nos hospitais públicos e provados.
No momento em que o Senado Federal dá o start na CPI da Covid-19, para investigar as ações do governo federal, sob o comando de Bolsonaro, a Assembleia Legislativa do Amazonas surpreende o país com a aprovação de uma comenda graciosa.
De Péricles Nascimento, o delegado bolsonarista, a sociedade não poderia esperar outra atitude; é da natureza dele bajular quem pode lhe garantir uns votos nas eleições futuras. Mas é lamentável que outros 18 deputados tenham se prestado a papel tão ridículo.
Merece aplauso as pessoas que nesta quarta-feira, 22, foram à Assembleia Legislativa devolver diplomas e medalhas que receberam do parlamento. E merece destaque o professor aposentado Menabarreto Segadilha França, que devolveu sua medalha do mérito legislativo, mas se recusou a entrar no prédio, por considerar que a casa legislativa não é digna da presença dele.
A decisão da Assembleia Legislativa é soberana, mas deve estar alinhada com a vontade popular e não contra a próprio sociedade que escolheram os deputados para representá-la.
Vocês têm o direito de ter essa opinião, mas, essa não é a opinião da maioria do povo brasileiro que melhir se informa. Jair Bolsonaro é de longe o melhor presidente que o Brasil já elegeu. Esse discurso é dos esquerdistas que não concordam em ter perdido a boquinha que tinham nos governos anteriores.