Que Deus seja amazonense e brasileiro, como imagina o governador Omar Aziz, tudo bem, ótimo. Afinal de contas, o Ser Supremo, onipresente e onipotente, é universal e domina cada cantinho do imenso mundo, obra inteira e fantástica de sua criação.
Tudo veio a propósito dos jogos da Copa em Manaus, cidade que teria sido premiada com as partidas entre Inglaterra e Itália, Camarões e Croácia, Estados Unidos e Portugal e Honduras e Suíça, ainda que devendo suportar a insatisfação e os protestos grosseiros dos representantes dos times que se apresentarão em Manaus. Mesmo assim, até aí morreu Neves. Agora, quando o governador critica quem criticou a realização da Copa, sob o argumento de que no Amazonas pode-se muito bem construir ao mesmo tempo a Arena futebolística, hospitais e outras obras, sustentando que é preciso sonhar alto, manipula informações e distorce a verdade dos fatos.
Como é de conhecimento público, a situação das finanças do Estado é delicada, para dizer o mínimo, fato que inclusive já foi objeto de reportagens na grande imprensa brasileira. Além do mais, o governo acaba de tomar emprestado importância fabulosa junto ao Banco do Brasil, com o propósito de realizar obras públicas e obter algum equilíbrio orçamentário. Não é à toa que o Estado é hoje uma das unidades da Federação mais endividadas do Brasil.
Tem-se, portanto, que os recursos públicos são e serão sempre insuficientes, daí a necessidade de selecionar com rigor as prioridades para a realização de investimentos e gastos públicos.
No caso da Copa, há quem sustente que o custo da chamada Arena da Amazônia deve chegar perto de R$ 1 bilhão. E a pergunta que não quer calar é o que se poderia fazer com tanto dinheiro, principalmente no atendimento às áreas mais carentes da população amazonense?
Por outro lado, o Estado, com todas as suas notórias e crescentes dificuldades de caixa, está gastando e pagando uma fábula pela realização de apenas quatro jogos do campeonato da Fifa, sem que tenha de volta qualquer retorno em benefício efetivo de seu povo. O certo é que não haverá nenhum legado a ser festejado, especialmente porque nem as obras antes anunciadas como importantes e urgentes sequer saíram do papel, como o BRT e o monotrilho.
O que vai sobrar é mais uma imensa dívida a ser suportada pelo explorado contribuinte amazonense. Nada mais.