EDITORIAL
MANAUS – A tragédia causada pelas chuvas em Petrópolis, cidade serrana no Rio de Janeiro, nesta semana, precisa servir de exemplo para os gestores públicos de todo o país. Em que pese o volume de chuvas fora do comum naquela região, a construção de moradias em áreas de risco precisa ser combatida de forma séria, como política de Estado.
Grande parte das cidades brasileiras enfrenta os mesmos problemas. A defesa civil dos Estados e dos municípios sabem onde a situação é mais grave, onde as famílias estão mais expostas; as universidades e instituições da sociedade civil têm estudos que apresentam disgnósticos e apontam soluções, mas nada se faz para transformar as áreas de risco em áreas de moradia digna.
As pessoas que sobem os morros para construir moradias precárias o fazem porque, na maioria dos casos, é a última opção que lhes resta. Conseguir uma casa em local sem risco é um luxo para poucos no Brasil.
Constroem-se escolas, hospitais, ampliam-se os sistemas de transporte para tentar suprir as necessidades da população, que não para de crescer. Mas não se faz a mesma coisa com a moradia.
As famílias, que crescem ano a ano, buscam soluções, mas esbarram nas dificuldades financeiras. O sonho da casa própria para grande parcela da população nunca chega a se tornar realidade.
As políticas públicas de moradia estão sempre a correr atrás da demanda. Quando um gestor entrega um conjunto habitacional para duas ou três centenas de famílias, já há outras centenas na fila de espera.
É preciso ampliar os investimentos para que as pessoas comecem a descer das áreas de risco e ocupar espaços dignos. A salubridade de uma moradia ajuda a reduzir a pressão sobre o sistema de saúde.
As cidades precisam de ordenamento que só se consegue com boa gestão, com mais ações e menos discurso e propaganda.
No entanto, a maioria dos gestores opta por atuar sobre a tragédia, correndo atrás do prejuízo. Mas junto com os prejuízos, o maior deles é a morte de pessoas que só queriam um lugar ao Sol.