Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – O nível do Rio Negro em Manaus está em período de repiquete, nome dado para o fenômeno que ocorre quando as águas dos rios sobem por causa das chuvas, principalmente no fim do período de vazante, mas voltam a baixar logo em seguida.
No dia 26 de outubro a cota atingiu o nível histórico mais baixo, com 12,7 metros, medição que permaneceu no dia seguinte, de acordo com a coleta diária feita pelo Porto de Manaus. A partir de 28 de outubro ocorreram 11 dias seguidos de cheia.
No período, o Rio Negro encheu 52 centímentros e a cota máxima foi de 13,22 metros , no dia 7. Logo em seguida, começou a secar de novo. Desde 8 de novembro são 7 dias seguidos de vazante, com recuo de 21 centímetros. A cota nesta terça-feira (14) foi de 13,01 metros.
Mudanças climáticas
Em cessão de tempo na Assembleia Legislativa do Estado nesta segunda-feira (13), o secretário chefe da Defesa Civil do Amazonas, Coronel Bombeiro Francisco Máximo, fez uma análise da seca severa no estado e disse que a “situação ainda é preocupante, principalmente na calha do Rio Solimões” e que “estamos em estado constante de mudanças climáticas”.
“O cenário atual ainda nos preocupa, ainda é crítico, embora já estejamos com algumas calhas apontando uma ligeira recuperação, principalmente a calha do Alto Solimões”, disse Coronel Máximo, acrescentando que as “precipitações estão muito abaixo, comparadas com o ano anterior”.
“Estamos na transição da estação seca para a chuvosa, mas meteriologicamente falando, não podemos ainda dizer que essa transição aconteceu em definitivo. Mas já está se encaminhando para isso. E é bom porque demonstra que nossos rios vão começar a ter um comportamento de subida”, disse o secretário estadual da Defesa Civil.
“Ainda temos de forma crítica a calha do Alto Rio Negro, que deve se estender até dezembro. Eu me reporto mais especificamente à São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, podendo se estender até Barcelos”, disse Máximo.
“Estamos vivendo uma crise climática permanente. Precisamos ter um olhar mais atencioso com relação às questões climáticas. Para muitos estamos vivendo um pontual,sazonal. Mas infelizmente não é isso. O clima está buscando seu ponto de equilíbrio e as questões climáticas nos remetem a esse entendimento, que precisamos nos preparar e entender o recado que a natureza está nos dando, porque certamente daqui para frente teremos desastres mais intensos, mais recorrentes e mais frequentes” afirmou o secretário.