Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – O presidente da Amazonas Energia, Tarcísio Rosa, disse que a interrupção no fornecimento de energia elétrica para os municípios de Iranduba e Manacapuru, na sexta-feira, 19, foi causado por uma falha no cabo subaquático que está a 53 metros de profundidade, próximo a Ponte Rio Negro. Em entrevista nesta segunda-feira, 22, Rosa disse que mergulhadores estão no local em busca do ponto exato da falha que deixou as duas cidades sem luz. A estimativa é que a regularização no fornecimento ocorra até o final de semana.
De acordo com Tarcísio Rosa, a profundidade equivale a um prédio com 15 andares. “Tivemos um fato grave de uma falha num cabo subaquático que transporta energia de Manaus para Iranduba e de Iranduba a Manacapuru. Esse cabo, no ponto que nós encontramos, o provável problema está a 53 metros de profundidade. Não custa lembrar que seria o equivalente a um edifício de 15 ou 16 andares e lá no fundo está o cabo”, disse.
Apesar de ainda não ter o valor do prejuízo, Tarcísio informou já ser algo na faixa de milhões e 100 mil pessoas prejudicadas com a falta de energia. “São 100 mil pessoas sem energia e esses dias sem a gente faturar. Mais que isso é a contratação da usina que depende do número de dias em operação, vai custar alguns milhões de reais. Eu vou passar esse valor mais adiante”, informou.
Buscas
Conforme explicou Rosa, testes foram realizados para buscar a localização da falha. “Existe um equipamento elétrico que manda um sinal de energia que vai dizer a que distância está a falha. Isso feito a partir de Manaus chegou-se a uma distância de aproximada de 2.700 metros. Depois fazendo o mesmo teste a partir de Iranduba, cerca de 1.200 metros. Com isso dá a distância aproximada e o local aproximado. Na conclusão nossa, de acordo com esses testes, o problema está próximo ao vão central da ponte que cruza o rio Negro e por isso significa que está a cerca de 50 metros de profundidade”, explicou.
“Neste momento existem mergulhadores com roupas especiais, roupas pressurizadas, que é a única forma de se chegar a 50 metros de profundidade. Já foi contratado, estão mergulhando para localizar os cabos. Eles ficam paralelos à ponte em algum lugar, cerca de 100 a 150 metros e o nosso pessoal, esses mergulhadores estão localizando o cabo”, afirmou.
Os trabalhos de busca devem demorar devido às condições naturais onde se encontram e às especificidades do material que os compõem, explicou Rosa. “Bom, a primeira ação é localizar exatamente onde estão esses cabos. A segunda é içar, puxar para cima, para fora da água para ver que atitude tomar, que tipo de defeito, qual é a extensão desse defeito. Bem, são cabos especiais, não se compra de uma hora para outra em algum lugar e também não se emenda de um dia para o outro, é um trabalho longo”, disse.
Plano B
Devido à demora para localização e conserto do cabo, Tarcísio Rosa informou que uma usina de emergência está sendo montada em Iranduba, com capacidade para atender os dois municípios afetados. “Em função disto, na própria sexta-feira, 19, lembrando que o defeito apareceu por volta das 14h, 13h50, por aí, à noite mesmo, no fim do dia nós já tínhamos contratado a empresa para montar uma usina em emergência do lado de Iranduba de 60 megawatts. Sessenta megawatts significa capacidade de atendimento para as duas cidades na plenitude”, informou.
A empresa responsável pela operação da usina é a Aggreko, que já desenvolvia trabalhos em Iranduba, disse Rosa. “Esse trabalho começou já no sábado, existe uma usina em Iranduba que estava sendo desativada totalmente e parte dos equipamentos ainda estava lá. Então nós resolvemos contratar uma empresa, chama-se Aggreko, que operava essa usina em Iranduba para retomar as atividades. De lá para cá, já no próprio sábado à noite, na madrugada para domingo tínhamos uma carga sendo disponibilizada”, afirmou.
A prioridade, segundo o gestor da Amazonas Energia, são os hospitais das duas cidades e em seguida o restante da população. Segundo Tarcísio Rosa, a empresa está com dificuldades para estabilizar o sistema e geradores e usinas estão sendo encaminhados à região. “Esta empresa está tendo algumas dificuldades para estabilizar essa usina para entrega de energia. É normal na entrada de operação em uma usina em emergência que tenhamos problemas. Então todo o trabalho principal está em estabilizar. Neste momento já existe em Iranduba cerca de 20 tanques menores, ao longo do dia outras usinas, outros geradores estarão sendo transportados para lá”, disse.
Vandalismo
Para o presidente da Amazonas Energia, essa falha na transmissão de energia é uma possível consequência de vandalismo. “Esses cabos são de alta qualidade e não devem dar problema em condições normais. É interessante lembrar que em fevereiro nós tivemos uma ação de vândalos, que furtaram cobre, provocou um curto-circuito de grande intensidade e provocou na ocasião um desligamento destas mesmas cidades. Um curto-circuito num cabo de energia pode deixar sequelas”, explicou Tarcísio.
(Colaborou Patrick Motta)