Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – “Faço um alerta: ano que vem nós teremos outro evento climático, semelhante a esse, ou talvez pior”. A previsão é do comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, coronel Orleilso Ximenes Muniz, feita na manhã desta quinta-feira (19) na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Amazonas) onde apresentou o resultado das ações de enfrentamento às queimadas no Estado.
“Em março nós tínhamos um prognóstico que o El Niño ia entrar muito forte esse ano, como de fato se consolidou o prognóstico. E faço um alerta: ano que vem nós teremos outro evento climático, semelhante a esse, ou talvez pior”, disse Muniz. “Estamos em um processo de mudança climática definitiva”.
O coronel afirmou que o Corpo de Bombeiros atua na região Sul do Amazonas desde fevereiro e que “95% das queimadas urbanas e florestais no Estado do Amazonas têm atuação humana”. “São pessoas que têm ido lá, às vezes de forma displicente, às vezes de forma criminosa mesmo, como recentemente quase 60 foram pegas de uma única vez na zona norte [de Manaus]. Estavam derrubando para invadir”.
Muniz afirmou que a fumaça que tomou conta de Manaus e afetou a qualidade do ar veio da região do Baixo Amazonas e do Pará. “A grande maioria da fumaça que Manaus respirou por mais de uma semana, não foi gerada em Manaus, apesar de termos focos de queimadas na cidade. Ela [a fumaça] veio do Baixo Amazonas e do Pará, trazidas da região de Altamira e Alter do Chão”.
Entre 8 de julho e 19 de outubro o Corpo de Bombeiros atuou no combate a 2.409 incêndios, florestais e urbanos, disse coronel Muniz. “É número absurdo. E os incêndios continuam acontecendo”.
O comandante disse que para o ano que vem, o Corpo de Bombeiros vai adquirir 21 caminhões tanques, para ficar nos municípios com maior incidência de queimadas.
Ações
O comandante dos Bombeiros citou entre as atividades estratégicas de combate às queimadas o aluguel de caminhões pipas e o uso de helicópteros. “Tomei a iniciativa, três meses atrás, considerando a nossa capacidade de respostas, no que tange à viaturas, de locar caminhões pipas, que ficaram à disposição do Corpo de Bombeiros. Foram seis viaturas, que chamamos de alto-tanque florestal, que atuaram nos eixos rodoviários de Manaus – BR-174, BR-319, AM-010”, disse.
“São viaturas robustas, que não têm todos os equipamentos para fazer salvamento, mas para combate ao incêndio estão sendo usadas com muita qualidade. Aluguel emergencial por 60 dias. Se for o caso, podemos prorrogar por mais 60 dias”, acrescentou.
As ações se tornaram mais intensas no início de setembro, disse Muniz, com o reforço de pessoal e equipamentos. “No dia 7 de setembro nós observamos que Manaus estava numa ascendência muito vertiginosa no que tange a piora da qualidade d0 ar, isso tudo em virtude das queimadas que estavam acontecendo na Região Metropolitana e principalmente no Baixo Amazonas”.
“No início das operações estávamos usando apenas o componente terrestre nos combates. Percebemos que a crise era muito maior do que imaginávamos e escalonava a cada dia. Após contatos com autoridades do Distrito Federal e do Mato Grosso do Sul, chegou a Manaus uma aeronave de asa fixa [avião] e aeronaves de asas rotativas [helicópteros]”, disse o comandante.
De acordo com Orleilso Ximenes, o avião tem capacidade de transportar 3,1 mil litros de água e os helicópteros transportam 500 litros de água. “Com a chegada das aeronaves, aquelas grandes colunas de fumaça, das queimadas do Cacau-Pirêra, foram controladas em menos de uma semana”.
Os reforços são provenientes da atuação de Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente), Força Nacional e 153 brigadistas. São 17 brigadistas, em nove municípios: Humaitá, Apuí, Boca do Acre, Novo Aripuanã, Manicoré, Lábrea, Maués, Tapauá e Canutama.