Da Redação
MANAUS – Com aumento de 1.604% no número de amputações de pênis nos últimos 14 anos, o câncer nesse órgão genital preocupa. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia, foram 7.213 cirurgias do gênero. O urologista Flávio Antunes afirma que a doença ocorre com maior incidência em homens a partir dos 50 anos, porém também pode acometer nos mais jovens. A causa principal está relacionada com a má higienização íntima.
“Em países menos desenvolvidos esse tipo de câncer é mais comum, justamente porque a população tem menos acesso à higiene. Além disso, homens que possuem fimose, onde a pele que encobre a glande dificulta a higienização, ou possuem o HPV, podem desenvolver o câncer de pênis. Outro fator de risco é a prática sexual com diferentes parceiros sem o uso de preservativo”, disse Antunes.
De acordo com o urologista, a desinformação sobre a doença ainda é grande, pois muitos sequer sabem que o pênis também pode ter câncer. Com isso, muitos negligenciam os métodos de prevenção.
“O câncer de pênis pode ser prevenível com medidas relativamente simples, como a higienização adequada. No entanto, se você encontrar feridas que não cicatrizam, nódulos, secreções saindo do prepúcio, uma área vermelha endurecida, sangramentos vindo da glande e coceiras, é melhor procurar imediatamente o urologista. A detecção precoce faz com que o profissional encontre o tumor numa fase inicial e, assim, possibilita maior chance de um tratamento bem sucedido”, explicou.
O primeiro passo para o diagnóstico é a retirada de um pedaço da lesão, que passará por biópsia para análise. Confirmado o câncer de pênis, o médico iniciará o tratamento – que depende da extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem ser oferecidas. A amputação do órgão genital ocorre em casos mais graves.
Queda na busca por tratamento
O Sistema de Informações Hospitalares (SIH/Datasus) registrou 2.095 casos de câncer de pênis em 2020, caindo para 1.791 em 2021. Apesar da tendência de queda desde 2019, a pandemia de Covid-19 impactou a procura por tratamento médico. Segundo Antunes, isso compromete o diagnóstico da doença.
“Quando diagnosticada em estágio inicial, as chances de cura são elevadas, mas muitos pacientes demoram a procurar ajuda”.
Prevenção
O urologista orienta que para prevenir a doença é necessário fazer a limpeza diária do pênis. Em seguida, o homem deve utilizar camisinha nas relações sexuais e lavar o órgão genital inclusive após o sexo e a masturbação. A vacinação contra o HPV também é uma maneira eficaz de evitar o desenvolvimento da doença.
“O preservativo diminui a chance de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, como o vírus HPV, por exemplo. Também é fundamental ensinar aos meninos desde cedo os hábitos de higiene íntima, que devem ser praticados todos os dias”, pontuou Antunes.