
Bombardeio na cabeça do cachorro
Nas semanas subsequentes daquele terrível bombardeio, em Pearl Harbor, o presidente americano Franklin Roosevelt lançou um desafio à sua equipe: “Precisamos bombardear o Japão o mais rápido possível”. O problema é nenhum bombardeiro tinha autonomia para voar até o Japão. Portanto, ali postavam-se enormes restrições geográficas e tecnológica, aliás tais restrições muito presentes em nossa guerra cotidiana pela ZFM.
Em um dia frio, algumas semanas depois, Francis Low, capitão de um submarino lembrou-se do desafio de Roosevelt quando observava os bombardeiros fazendo exercícios, em um campo naval. Um faixa tinha sido pintada no convés de um porta-aviões, a fim de fornecer um alvo simulado para os bombardeiros. Vale o registro que Low era um homem da Marinha, e foi a vida inteira capitão de submarino. Ou seja, bombardeiros estavam longe de sua área de conhecimento.
Decolar da canoa
De repente ao observar a sombra dos bombardeiros passado pelo convés, ele teve a uma ideia que qualquer especialista teria descartado e talvez considerasse absurda. E se os bombardeiros decolassem do porta-aviões? Tal ideia esbarrava em vários obstáculos: porta-aviões eram preparados para lançar caças leves e rápidos, e os bombardeiros eram pesados demais, com estrutura mais alta e maior.
Low insistiu e levou a seu oficial comandante a ideia que meses depois foi aprovada e os bombardeiros foram reduzidos e adaptados, os pilotos foram treinados para decolar de uma pista reduzida e voar baixo para evitar os radares japoneses.
Nossa Pearl Harbor
No momento de grande necessidade surgiu uma ideia, até então impossível, que impactou profundamente naquela disputa bélica. O que precisamos fazer para mudarmos nossa posição? De vez em quando sofremos petardos que nos atingem sem dó, contribuindo às vezes para uma dúvida se continuaremos de pé. A floresta está. Nossa gente corre para se proteger dos decretos, IPI´s e afins, do bombardeio do planalto central.
Nosso armamento está na tecnologia, na floresta e onde pisamos. Temos que repensar nossa bússola – em gritos recentes, ou até mesmo revisitarmos o pensamento do sul de Morin. Precisamos diminuir nossas asas, nosso peso (amarras legais) e capacitar nossos pilotos e alertar nossos comandantes.
B-25
Nossa pauta é rasa com planos desconexos com a sociedade empresarial, a academia não acordou para a sua responsabilidade, e criação de legados, o governo desliza em crise institucional, tudo isso são fatores que nos deixam no solo.
Ainda estamos discutindo se a pista é curta. É bastante. Nenhuma surpresa para próxima década da inteligência artificial, da indústria 4.0. A pista vai encurtar ainda mais, somente os mais rápidos, leves, preparados e competentes irão decolar. Por ora, estamos pintando a faixa no convés e assistindo a sombra dos outros. Nossos pilotos precisam decolar urgentemente.
(*) Professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), Pós-doutoramento em Engenharia e Gestão Industrial pela Universidade do Porto e Doutor em Engenharia de Produção pela UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina. Diretor Adjunto da FIEAM, Federação das Indústrias do Estado do Amazonas.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.