Por Valmir Lima*, enviado especial a São Paulo
A Amazônia, e a região Norte, ganhou destaque, nesta segunda-feira, 2, no lançamento do Edital Rumos Itaú Cultural, em São Paulo. Na entrevista coletiva com 43 jornalistas de todas as regiões do Brasil, a curadora e pesquisadora Vânia Leal Machado, da comissão de seleção dos projetos, disse que o fundamento do edital é “trazer à tona a diversidade cultural” brasileira e, nesse contexto, a Amazônia ganha importância singular.
Paraense e professora da UFPA (Universidade Federal do Pará), Vânia Leal afirma que a proposição do edital Rumos Itaú Cultural vem colaborando para a divulgação, a propagação e o protagonismo das comunidades onde os projetos estão inseridos.
Ela faz um recorte para a Amazônia, que considera um território ímpar, com uma produção conatural ímpar, e que no edital de 2017-2018 já foi contemplada projetos como o projeto Kayatibu e Encontro Mi Mawai, de jovens indígenas do município de Jordão, no Acre, de produção musical.
Vânia Leal dá destaque para duas cidades amazônicas: Belém e Manaus, que são cravados na floresta e que tiveram contato com a produção europeia. “Aliada a essa produção europeia, juntou-se a singularidades particulares do ser amazônico, e isso fez uma diferença muito grande”.
Esse fluxo cultural, no entanto, está embaçado por um fluxo de isolamento, o que dificulta uma visibilidade maior da cultura Amazônia para além das fronteiras geográficas da região.
Por isso, de acordo com a pesquisadora, é importante que os artistas da região inscrevam seus projetos no Rumos Itaú Cultural.
A coordenadora de comunicação do Rumos, Aninha de Fátima Souza, afirma que nos últimos editais, foi verificada uma baixa adesão de projetos da região norte, e também convida os artistas a acreditarem que é possível conseguir o apoio cultural necessário.
O diretor do Instituto Itaú Cultura, Eduardo Saron, prefere apagar a ideia de que o Rumos é um programa de patrocínio de projetos. Para ele, trata-se de um programa de parceria, que, junto com o artista ou os artistas, desenvolve o projeto.
Sobre o edital
No último edital, o Itaú Cultura contemplou projetos que somaram R$ 15 milhões; para o edital 2019-2020, a intenção é ultrapassar esse valor.
O edital não limita o número de projetos contemplados e não fixa valor. Apenas para apoio a projetos de pessoas físicas é fixado o valor máximo de R$ 70 mil. Para pessoa jurídica não há valor máximo fixado.
As inscrições podem ser feitas no site rumositaucultural.org.br de 3 de setembro a 18 de outubro. No site estão as orientações necessárias para a inscrição. O interessado deve criar um usuário e senha no site indicado acima.
Podem participar projetos ou trabalhos sobre arte e cultura brasileiras em qualquer expressão artística e/ou intelectual, apresentados ou desenvolvidos em qualquer tipo de suporte, formato, linguagem artística ou mídia.
Leia o edital.
Vai uma dica
Para os artistas da Amazônia, Vânia Leal tem uma dica: “primeiramente, você tem que se deslocar desses códigos culturais que já estão aqui no eixo centro-sul. Não fique querendo produzir colado nesses códigos. Acreditem na poética de vocês, produzam com as questões do lugar de vocês, mas sem ser clichê”.
Vânia Leal acrescenta que produzir com as questões do lugar tem que ter inventividade, criticidade e algo que chama a atenção. “E nós temos essa força propulsora. Nesse sentido, é isso que nos marca e marca a nossa agenda de produção, e nos faz, cada vez mais conseguir os nossos espaços, através do nosso trabalho com qualidade”.
Caminhada Rumos
Para incentivar os artistas a se inscrever no Edital Rumos 2019-2020, o Itaú Cultura realiza a Caminhada Rumos, que percorre as 27 capitais do país. Neste ano, Manaus receberá a visita de dois membros da comissão de seleção do Rumos no dia 10 de outubro. O local ainda não está definido.
*Valmir Lima viajou ao evento a convite do Instituto Itaú Cultural