Da Redação
MANAUS – Parlamentares do Amazonas classificaram de “traição” a decisão do presidente Jair Bolsonaro de manter a redução de 25% na alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sem excluir a Zona Franca de Manaus.
O decreto foi publicado nesta quinta-feira (14) no Diário Oficial da União, no qual o presidente ratifica a Tabela de Incidência do IPI.
“Os amazonenses foram traídos mais uma vez, na noite de ontem [quinta], pelo presidente da República, que ratificou o decreto do Imposto sobre Produtos Industrializados. Na véspera do feriado, quando pouco ou nada se pode fazer”, disse o senador Omar Aziz (PSD) em manifestação no Facebook.
“Ao longo de toda a gestão o presidente vem demonstrando falta de empatia e respeito pelo povo brasileiro. Dessa vez, não foi diferente. Mostrou desrespeito pelo Amazonas, pelos empregos, pela economia e desenvolvimento local, de onde teve a votação de 67% da população”, lembrou.
Aziz defendeu que o governo do estado e a Prefeitura de Manaus acionem o Supremo Tribunal Federal para a proteção dos empregos do Polo Industrial de Manaus. “O governo federal já demonstrou que não está interessado em trabalhar pelas pessoas daqui. O povo amazonense saberá dar a resposta, eu tenho certeza disso”, disse.
Traição também foi citada pelo deputado Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara. “Na véspera da Sexta-feira Santa, o presidente da república traiu o governador, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Amazonas), seus apoiadores e o povo do Amazonas quando deu sua palavra de que ressalvaria a ZFM e ontem à noite publicou o Decreto IPI sem nenhuma ressalva. Iremos ao Judiciário”, afirmou no Twitter.
Também nas redes sociais, o senador Eduardo Braga comparou a decisão do presidente à crucificação de Jesus. “Em uma Sexta-feira Santa, presenciamos a ZFM ser crucificada e milhares de empregos serem sacrificados por quem está no poder”, disse.
Logística diferenciada
Para o senador Plínio Valério (PSDB), o impacto negativo para a Zona Franca de Manaus será enorme e “vai agravar o processo já em curso de debandada das empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus para outros estados”. Isso ocorrerá porque a redução foi mantida na nova Tabela TIPI, sem excluir, como combinado entre o presidente Jair Bolsonaro, parlamentares e o governador Wilson Lima, os produtos fabricados na Zona Franca de Manaus”, disse.
“Nós, do Amazonas, não somos contra a redução de impostos para o resto do país, onde as empresas têm facilidades de logística, infraestrutura de transportes e outros benefícios. Que empresa vai querer instalar uma fábrica no longínquo Amazonas se sequer temos uma estrada transitável ligando Manaus ao resto do país?”, questionou.
“O que queremos e exigimos é que as prerrogativas tributárias constitucionais da ZFM sejam respeitadas em função das dificuldades de levar a frente o projeto que dá emprego, de fábricas sem chaminés, que tiram o caboclo da motosserra e garante preservação de 97% da floresta, única linguagem que os ativistas de plantão entendem”, citou o senador.