Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – Levantamento do MapBiomas Brasil sobre a evolução das áreas urbanizadas no país nos últimos 38 anos (de 1985 a 2002) mostra que cinco municípios amazonenses estão entre as 12 cidades onde a expansão urbana no período ocorreu majoritariamente em favelas.
A campeã nacional do ranking é Santo Antônio do Içá, com 68% de crescimento em locais favelizados. Também aparecem Amaturá e Coari (ambas com 60% de expansão urbana em áreas de favela), Tonantins (51%) e a capital, Manaus (50%). Ipixuna, com índice de 43%, completa a lista de seis cidades amazonenses entre as 20 primeiras do ranking.
O conceito de áreas urbanizadas, no relatório produzido pelo MapBiomas, são locais com significativa densidade de edificações e vias, incluindo áreas livres de construções e infraestrutura.
Em 2022, as áreas urbanizadas no Brasil totalizaram 3,7 milhões de hectares ou 37 mil quilômetros quadrados. Representam 0,43% do território nacional, que tem extensão de 8,510 milhões de quilômetros quadrados.
De acordo com o relatório do MapBiomas, o maior crescimento de áreas urbanizadas ocorre nas concentrações urbanas de cidades médias com população entre 100 mil e 650 mil habitantes.
Por região geográfica, 60% das cidades estão no Norte: 6 no Amazonas, 5 no Pará e 1 no Amapá. A região Sudeste detém 30% das cidades com evolução urbana em favelas: 4 no Espírito Santo, 1 em São Paulo e 1 no Rio de Janeiro. Maranhão e Paraná também têm uma cidade, de acordo com o MapBiomas.
Confira o ranking com as 20 cidades onde os maiores índices de expansão urbana no últimos 38 anos foram registrados em áreas de favela, de acordo com a Coleção 8 do MapBiomas. Os municípios amazonenses estão em negrito.
1º) Santo Antônio do Içã (AM), 68%
2º) Vitória do Jari (AP), 67%
3º) Cariacica (ES), 66%
4º) Ananindeua (PA), 61%
5º) Coari (AM) e Amaturá (AM), 60%
7º) Belém (PA), 58%
8º) Marituba (PA), 57%
9º) São Vicente (SP), 55%
10º) Acará (PA), 52%
11º) Tonantins (AM), 51%
12º) Manaus (AM), 50%
13º) Viana (ES), 49%
14º) Paranaguá (PR), 46%
15º) Piúma (ES), Tucuruí (PA) e Ipixuna (AM), 43%
18º) Raposa (MA) e Angra dos Reis (RJ), 42%
20º) Muqui (ES), 41%
Áreas de risco
O MapBiomas também elaborou ranking com as 20 cidades com maior crescimento da área urbanizada em risco. Oito estão no Nordeste. Quatro são capitais de estado. As quatro cidades interioranas são todas pernambucanas. Salvador, capital da Bahia, está no topo, com quase 5 mil hactares de crescimento em risco entre 1985 a 2022.
Do Nordeste também estão Jaboatão dos Guararapes (PE) em quarto lugar, Recife (PE) em quinto, Natal (RN) em nono, Iguarassi (PE) em décimo-primeiro, Caruaru (PE) em décimo-terceiro, Fortaleza (CE) em décimo-sétimo e Paulista (PE) em vigésimo lugar.
Duas cidades catarinenses e uma gaúcha estão no ranking de locais com maior crescimento urbano em áreas de risco: Blumenau (SC), Criciúma (SC) e Pelotas (RS), respectivamente 10ª, 12ª e 16ª colocadas.
A região com maior número de cidades na lista do MapBiomas é a Sudeste, com 9 munícipios, dentre os quais duas capitais. As cidades são Ribeirão das Neves (MG) em segundo lugar; São Paulo em terceiro; Belo Horizonte em sexto; Serra (ES) em sétimo; Guarulhos (SP) em oitavo; Juiz de Fora (MG) em décimo-quarto; Itanhaém (SP) em décimo-quinto; Vespasiano (MG) em décimo-oitavo; e Belford Roxo (RJ) em décimo-nono.
De acordo com o levantamento do MapBiomas, as regiões Norte e Centro-Oeste não têm cidades entre as 20 com maior crescimento urbano em áreas de risco.
Metodologia
A Coleção 8 do MapBiomas foi realizada a partir de trabalho colaborativo em rede de 100 pesquisadores de universidades, ongs e empresas de tecnologia no Brasil; processamento de mais de 150 mil imagens disponíveis em 38 anos; E informações anuais sobre 29 classes de cobertura e uso da terra entre os anos 1985 e 2022.