Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O Amazonas encerrou o ano de 2019 contabilizando 12.677 focos de incêndio, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O estado amazonense é o quinto com o maior número de queimadas registradas no ano passado, ficando atrás do Mato Grosso, Pará, Maranhão e Tocantins.
De acordo com o Inpe, o Mato Grosso teve 31.169 focos de incêndio; o Pará, 30.166; Maranhão, 18.521; e Tocantins; 13. 625. Na sequência, após o Amazonas, Mato Grosso do Sul registrou 11.653; Rondônia, 11.230; Piauí, 10.894; Minas Gerais, 9.999; e Goiás; 7.160.
Na série histórica do total de focos ativos detectados pelo satélite do Inpe no Amazonas, o ano de 2019 registrou o terceiro maior número de queimadas desde 1998, quando iniciaram os registros. O recorde foi registrado em 2005, que teve 15.644 queimadas, e o segundo ano com alto índice de focos de incêndio foi 2015, com 13.419.
No Amazonas, o ano passado também bateu recorde com o agosto com maior número de queimadas nos últimos 20 anos. Foram 6.669 focos de incêndio em 31 dias, número 157% maior que o registrado no mesmo mês no ano de 2018: 2.589 queimadas.
Queimadas intencionais
Para o cientista doutorando do Programa de Ecologia do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) Lucas Ferrante, o alto índice de queimadas registradas no Pará teve influência do “Dia do Fogo”, movimento supostamente organizado por madeireiros e empresários que resultou no incêndio de pasto e áreas em processo de desmate nos dias 10 e 11 de agosto.
“Nós estávamos em um ano úmido e as queimadas na Amazônia foram intencionais, inclusive, propiciadas pelo dia do fogo, onde pecuaristas no Pará chegaram a colocar fogo, instigados pelo próprio presidente da República com um discurso pró-desmatamento”, afirmou Lucas Ferrante.
O pesquisador afirma que os dados registrados pelo Inpe em 2015 não podem ser comparados com os números registrados nos outros anos porque aquele teve influência de um fenômeno chamado El Niño, que altera o clima regional e global. Ferrante afirma que, em 2019, não teve “esse clima atípico para propiciar queimadas”.
“Anos de El Niño não podem ser comparados com anos que você não tem esse fenômeno porque tem um clima mais seco que propicia mais queimadas. No caso, 2015 não pode ser comparado com os outros anos justamente porque está sob esse efeito de El Niño e se espera uma quantidade maior de queimadas porque o clima é diferente”, afirmou Lucas Ferrante.
Ainda de acordo com o pesquisador do Inpa, os números de queimadas registradas nos estados amazonenses resultam de uma “política de desmonte ambiental” defendida pelo Governo Federal. Para Ferrante, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é “conivente” com “desmatadores” e, por isso, impede a criação de políticas públicas “para atingir esses criminosos”.
“É uma proporção, realmente, grande, onde você tem, praticamente, um terço das queimadas aumentando em relação aos últimos anos. Esse dado é, realmente, alarmante e é consequência de uma política de desmonte ambiental. Nós temos, por exemplo, o ministro Ricardo Salles que tem avisado onde vai ser propiciado o desmatamento”, afirmou Lucas Ferrante.