SÃO PAULO – Quando vi que era amor? Eu não sei, talvez quando olhei dentro daqueles olhos verdes que despia a minha alma e fazia todo o resto fazer sentido, e quem foi que disse que preciso de tempo ‘suficiente’ para isso? Pode parecer exagero de quem gosta de escrever sobre qualquer coisa mas nem de longe tratava-se de qualquer pessoa. Deixei minha vida para que eu pudesse conhecer a de quem despertava em mim uma curiosidade absurda e seguiu sendo bonito e arrebatador. Bastaram alguns dias para que eu soubesse que revestia minha vida de cor e graça dentro daquele limite de tempo e distância.
Amar uma pessoa é um ato político quando a realidade é o ódio, se entregar para uma pessoa é um ato de coragem quando a realidade é o medo. Ser benevolente e paciente com ela é um ato humano e sensível quando a realidade é a rispidez e a insensibilidade. Estamos muito preocupados com bandeiras, causas, combate ao ódio e estamos esquecendo de permiti-se amar de fato uma pessoa.
Muito embora seja importante a guerra contra o ódio é infinitamente relevante a prática do amor e do afeto. É importante falar que a nossa geração é mais ‘fria’ do que a dos nossos pais, isso porque a tecnologia causou aquele efeito de proximidade que apesar de ser positiva também consegue ser a maior vilã do psicológico dos jovens que já chegam na maturidade decepcionados, frustrados e fechados sentimentalmente.
Permiti-se amar uma pessoa é um ato político, humano, de coragem e honestidade consigo mesmo. Eu faria de novo ainda que fosse para quebrar aquele óculos outra vez, antes um coração quebrado do que a dúvida de afeto guardado. O amor é com certeza o maior ato político negligenciado da nossa geração.