![Uso de mascara na multidão](https://amazonasatual.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Uso-de-mascara-e-aglomeracao-by-Mario-Oliveira-semcom.jpg)
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O Amazonas registra o avanço simultâneo de quatro doenças infectocontagiosas, segundo dados da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde) referentes ao mês de outubro. Ao mesmo tempo em que ocorre a alta da média móvel de Covid-19, a Saúde fica em alerta para o crescimento de casos de monkeypox, rabdomiólise e esporotricose.
Na última sexta-feira (21), o estado voltou à fase amarela da Covid-19 (considerada de baixo risco) após o aumento do número de novos casos e de hospitalizações. Em cinco dias a média móvel de casos no estado saltou de 28 (registrada no dia 17 de outubro) para 222 (no dia 22), e as entradas em hospitais foram de quatro (no dia 18 deste mês) para 12 (no dia 23).
Leia mais: Com alta de casos e internações, AM volta à fase amarela da Covid
De acordo com o governo estadual, atualmente 59 pessoas diagnosticadas com Covid estão internadas na capital e no interior, sendo 43 em leitos clínicos e 16 em UTI. A maioria dos pacientes hospitalizados (43 pessoas) não recebeu nenhuma dose da vacina contra a Covid ou está com o esquema vacinal incompleto. Dezesseis pacientes tomaram todas as doses.
Outra doença que avança no Amazonas, mas concentrada na capital amazonense, é a Monkeypox, mais conhecida como Varíola dos Macacos. O informe epidemiológico divulgado pela FVS nesta segunda-feira (24) aponta 202 casos confirmados no estado amazonense, sendo 195 em Manaus, três em Iranduba, dois em Itacoatiara, um em Parintins e um em Lábrea.
A doença, que gera bolhas na pele, além de febre, dor de cabeça e lesões em órgãos genitais, foi diagnosticada em 196 homens e seis mulheres. A FVS identificou que 57,6% dos casos confirmados até o momento tiveram contato íntimo, incluindo sexual, com desconhecidos e ou parceiros casuais ou múltiplos, nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.
![Casos de varíola dos macacos diminuíram, mas risco de contágio é permanente (Foto: GCM Sesc/Divulgação)](https://amazonasatual.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Doenca-variola-dos-macacos.jpg)
De acordo com o Ministério da Saúde, a principal forma de transmissão da Monkeypox ocorre por meio do contato direto pessoa a pessoa (pele, secreções) e exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias. Evitar o contato íntimo ou parcerias sexuais desconhecidas é uma das recomendações da FVS para se prevenir da doença.
Na última terça-feira (18), a FVS divulgou o plano de contingência para combater o avanço da doença no Amazonas. O plano prevê, entre outras medidas de prevenção, a campanha massiva no rádio e TV e nas redes sociais – que ainda não está ocorrendo, mas com cautela para evitar a estigmatização de grupos com maior vulnerabilidade para a infecção.
O Amazonas também tem 100 casos de Rabdomiólise associada à Doença de Haff, conhecida como “doença da urina preta”, sendo a maioria em Itacoatiara (60 pessoas). Há casos em Manaus (19), Careiro da Várzea (4), Parintins (3), Manacapuru (3), Urucurituba (2), Itapiranga (2), São Sebastião do Uatumã (2), Borba (2), Codajás (1), Boa Vista do Ramos (1) e Tabatinga (1).
![urina preta doenca](https://amazonasatual.com.br/wp-content/uploads/2021/09/urina-preta-doenca.jpg)
A Doença de Haff é uma síndrome ainda sem causa definida, caracterizada por uma condição clínica que desencadeia o quadro de rabdomiólise com início súbito de rigidez e dores musculares e urina escura, após o consumo de peixes. A investigação dos casos no Amazonas apontam que houve o consumo de diversos tipos de peixes adquiridos em diferentes estabelecimentos.
De acordo com informe epidemiológico divulgado na última quarta-feira (19), os infectados (56 homens e 44 mulheres) apresentaram, entre outros sintomas, a mialgia intensa (dor muscular), fraqueza muscular, dor torácica, náuseas e dor abdominal. A doença registrou pico em setembro, com 31 infectados, e, neste mês, alcançou 18 pessoas.
Neste domingo (23), a FVS publicou nota técnica para orientar profissionais da saúde após o aumento do número de casos suspeitos e confirmados de esporotricose humana e animal no Amazonas. Segundo a fundação, em 2022, o estado registrou 201 casos notificados e 170 confirmados da doença, sendo 167 em Manaus e três em Iranduba.
A doença é causada por fungo que pode afetar também humanos. Em animais, os sintomas mais comuns são feridas profundas na pele (úlceras), que não cicatrizam e se espalham rapidamente. Em contato direto, o animal contaminado transmite a doença por meio de arranhões, mordidas ou contato com a pele lesionada.
![(Foto: Marcelo Camargo/ABr)](https://amazonasatual.com.br/wp-content/uploads/2017/05/pet-shop-vacina-gato.jpg)
Apesar do avanço das doenças infectocontagiosas, o gestores públicos mantém a flexibilização das medidas de prevenção e promovem grandes eventos que reúnem milhares de pessoas, tanto na capital como no interior, como o festival “Boi Manaus”, promovido neste fim de semana em homenagem ao aniversário da capital amazonense.
O médico infectologista Nelson Barbosa afirma que a alta de novos casos da Covid ocorrem, principalmente, em não vacinados. “É notório que, enquanto todas as pessoas não forem imunizadas, a Covid vai continuar tendo esses surtos, como está acontecendo agora. Um repique no número de casos”, disse o profissional de saúde.
De acordo com o médico, pessoas com o ciclo vacinal completo poderão ser infectadas, mas a doença terá gravidade menor. “Você vê que a maioria dos internados são justamente os que não tomaram nenhuma dose da vacina ou não completaram o seu esquema. É claro que as pessoas que tomaram a vacina vão adoecer, mas em uma gravidade bem menor”, explica o médico.
Sobre a monkeypox, Barbosa afirma que a falta de vacinação contribui com o aumento de casos. “Os casos vão continuar aumentando porque o que nós temos de maior proteção, que seria a vacina, e que estava prometida para chegar em setembro, não chegou. Com a vacina, nós vamos ter como controlar esses casos”, afirmou o profissional de saúde.
“Ela vai ser usada em quem? A princípio, nos profissionais de saúde e nos contactantes dos casos. Então, nós aumentaremos o cerca da monkeypox. Agora, não devemos relaxar nas medidas de prevenção não farmacológicas, como a lavagem das mãos, uso e álcool em gel, uso de máscara se você for para um local que tenha muita gente”, completou Barbosa.
Em relação à doença da urina preta, cuja mortalidade é baixa, o médico explica que os profissionais da saúde acreditam que as enchentes históricas acabam levando os peixes aos locais onde há o fruto, capim ou raiz que tem a toxina. “Aí ele adquire essa toxina, que até o momento não foi identificada”, afirmou Barbosa.
E sobre a esporotricose, o infectologista defende o diagnóstico precoce dos animais. “Se não for passível o tratamento, infelizmente o sacrifício se faz presente do animal. É claro que às vezes você tem pequenas lesões que podem ser tratadas. Mas, quando é uma lesão generalizada, é impossível tratar o animal”, disse o profissional da saúde.
Barbosa diz o tratamento da esporotricose é mais fácil em humanos do que em animais. “Os animais é mais difícil você tratar. Muitas vezes esses animais são de rua. Dificilmente um animal doméstico pega essa doença. Quando pega logo o dono já leva logo no veterinário e o tratamento é precoce. Mas no animal de rua a doença se alastra”, afirmou o médico.
Procurada pela reportagem, a FVS afirmou que as quatro doenças “são as enfrentadas principalmente no Amazonas na atualidade” e que monitora os cenários epidemiológicos dessas doenças e, de forma transparente, os divulga à população periodicamente. A fundação também divulgou medidas de prevenção às doenças.
Leia a nota na íntegra:
A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) informa que as doenças mencionadas são as enfrentadas principalmente no Amazonas na atualidade. A FVS-RCP acrescenta que monitora os cenários epidemiológicos dessas doenças e, de forma transparente, os divulga à população periodicamente.
Os cenários das doenças estão em enfrentamento, sendo alvo de ações constantes e intensas por parte da FVS-RCP em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) e em parceria com as secretarias municipais de saúde, e respectivas equipes de Vigilância em Saúde municipais, dos 62 municípios do Amazonas.
Seguem medidas de prevenção para cada uma das doenças mencionadas com o objetivo de reduzir a transmissão das referidas doenças:
– Rabdomiólise por Doença de Haff:
A rabdomiólise é uma síndrome que pode ocorrer em função de agravos diversos, como traumatismos, atividades físicas excessivas e infecções, ou ainda devido ao consumo de álcool e outras drogas.
Quando associada ao consumo de peixes com toxinas, a síndrome é denominada Doença de Haff. Ainda não foi identificado o agente causador da rabdomiólise para Doença de Haff, não sendo possível determinar medidas preventivas para a doença.
Segue cenário atualizado da doença no Amazonas: INFORME EPIDEMIOLÓGICO -19/10/2022
– Covid-19: uso de máscara para quem estiver com sintoma gripal, manter as mãos higienizadas e atualização da caderneta vacinal contra o novo coronavírus. Segue boletim diário de casos com cenário atualizado da doença: BOLETIM DIÁRIO COVID-19 NO AMAZONAS 25/10/2022
– Monkeypox:
– Evitar contato íntimo ou parcerias sexuais desconhecidas, assim como evitar parcerias múltiplas;
– buscar um serviço de saúde nos casos de aparecimento de lesões (bolhas) ou feridas;
– no caso do aparecimento de lesões características de Monkeypox, ou diagnóstico confirmado, comunicar às suas parcerias sexuais dos últimos 21 dias, para realização de autoexame;
– em casos suspeitos ficar em isolamento até resultado laboratorial;
– em casos confirmados manter isolamento até total cicatrização da lesão, evitando contato com outros indivíduos e, caso o contato seja necessário, cobrir as lesões utilizando roupas compridas e higienizar as mãos com frequência;
– medidas adicionais devem ser mantidas em casos suspeitos e confirmados, como a higiene das mãos com frequência, não compartilhamento de alimentos, talheres, roupas, roupas de cama, toalhas, e outros objetos, os quais, também devem ser manipulados com cuidado, sem contato direto com as mãos e com o corpo.
Segue cenário atualizado da doença: INFORME EPIDEMIOLÓGICO -25/10/2022
– Esporotricose humana:
A principal medida de prevenção e controle a ser tomada é evitar a exposição direta ao fungo com o animal infectado. A esporotricose atinge, com muito mais frequência, o gato que é, dentre os animais domésticos, o que mais tem acesso à rua. O gato tem hábito de afiar as garras em pedaços de madeira, cavar terra para enterrar as fezes e urina, espaços que podem ter o fungo. Ao se lamber, o gato pode entrar em contato com o fungo.
Os gatos que estiverem com esporotricose devem ser isolados dos outros animais e de humanos, principalmente das crianças. A esporotricose animal tem tratamento eficiente e os animais podem chegar à cura.
De forma geral, é importante usar luvas e roupas de mangas longas em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, bem como o uso de calçados em trabalhos rurais.
Os indivíduos com lesões suspeitas de esporotricose, após contato com animais infectado, devem procurar atendimento médico para investigação, diagnóstico e tratamento.
Toda e qualquer manipulação de animais doentes pelos seus tutores e veterinários deve ser feita com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI). Os utensílios e o local desses animais com esporotricose devem ser diariamente lavados com hipoclorito para evitar a proliferação do fungo.
Além disso, animais com suspeita da doença não devem ser abandonados, assim como o animal morto não deve ser jogado no lixo ou enterrado em terrenos baldios, pois isto manterá a contaminação do solo.
Recomenda-se a incineração do corpo do animal, de maneira a minimizar a contaminação do meio ambiente e, com isso, interromper o ciclo da doença.
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