
Do ATUAL
MANAUS – O governo do Amazonas apresentará na COP27 – a conferência global sobre mudanças climáticas da ONU que ocorre na cidade de Sharm El Sheikh, no Egito, proposta de cotas para venda de crédito de carbono. O estado, segundo o governador Wilson Lima, tem potencial para negociar até US$ 2,4 bilhões (R$ 12,4 bilhões).
O crédito de carbono é negociado com países, ou empresas, que têm alto índice de emissão de gases poluidores e que, para compensar as emissões, financiam projetos de conservam ambiental em outras nações.
O pacote de crédito do Amazonas é referente à redução das emissões de gases poluidores entre 2006 e 2010 e de 2011 a 2015, informou o governador. A cota é definida com base em uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) que vale um crédito – em dólares, varia de US$ 5 a US$ 10.
Segundo Wilson Lima, 80% do dinheiro que o estado conseguir arrecadar serão destinados a Unidades de Conservação (UC) e 20% para áreas privadas. Dos recursos para UC, 50% serão destinados ao Fema (Fundo Estadual do Meio Ambiente) e 50% para aplicação em planos aprovados pela Sema (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) para ações dentro da própria Unidade de Conservação.
Metade dos recursos financeiros será aplicada em atividades sociais para os habitantes das UCs e outra metade em projetos econômicos de baixo impacto.
Proprietários de terras que investem na preservação ambiental também poderão obter recursos para ampliar projetos.
Na teoria
Em teoria, a comercialização dos créditos de carbono é simples. Um agricultor que planta árvores, por exemplo, pode receber dinheiro pela ação ambiental. Se o agricultor alcançou redução de 1,2 mil toneladas na emissão de dióxido de carbono evitando queimadas e desmatamento, pode vender 200 toneladas a países ou empresas. Os governos e companhias pagam para compensar suas emissões.
Os créditos de carbono podem ser gerados a partir dos projetos de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) ou de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Na prática
Na prática, é necessário a avaliação de profissionais especializados para calcular a quantidade de emissão. Isso leva tempo e envolve também longa negociação para fechar o negócio.
O mercado europeu responde por cerca de 90% da comercialização de todo o crédito de carbono do mundo. Os principais mercados voluntários de carbono estão localizados na Índia (23,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente), nos Estados Unidos (14,4 MtCO2e) e China (10,2 MtCO2e). O Brasil ocupa apenas a sétima posição, com 4,6 mtCO2e.
O crédito de carbono é um certificado digital que comprova que uma empresa ou um projeto ambiental (projetos de conservação florestal, reflorestamento de áreas devastadas, energia limpa, biomassa etc.) impediu a emissão de 1 tonelada de CO2 (dióxido de carbono) em determinado ano. Em outras palavras, os créditos de carbono são ativos imateriais.
O acordo pela emissão de dióxido de carbono foi firmado por 154 países em Paris em 2015.