Da Redação
MANAUS – Alunos da Fucapi (Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica) estão sem aulas desde o dia 25 de maio. Nesta segunda-feira, 4, a Azione Educação, nova mantenedora do instituto, voltou a suspender as aulas e informou pela página no Facebook que o calendário acadêmico será reajustado para a conclusão do período letivo. No entanto, não dá explicações aos alunos sobre os problemas que estão levando à suspensão das aulas.
Desde que começou a cancelar as aulas, a Azione Educação tem feito comunicados nas redes sociais, com a publicação de banners. Durante a greve dos caminhoneiros, alegou o desabastecimento de combustível na cidade. Depois, disse que as aulas estavam suspensas para a manutenção no quadro de comando de energia elétrica do poço artesiano e manutenção no grupo gerador; mais recentemente, culpou a greve dos rodoviários.
Apesar de alegar todos esses problemas, funcionários da nova mantenedora e servidores da Fucapi dizem que a instituição passa por uma instabilidade financeira. Segundo eles, os salários estão atrasados há meses e o plano de saúde de 88 novos funcionários foi suspenso em maio.
Os problemas motivaram o protesto realizado no último dia 28 de maio por alunos da instituição. Na manifestação, eles pediram a normalização das aulas e o pagamento dos salários atrasados dos professores.
Instabilidade financeira
A instituição vem sofrendo instabilidade financeira desde novembro de 2017, com acúmulo de dívidas trabalhista, salários atrasados e dívidas com o fisco municipal. De acordo com a promotora de Justiça Kátia Maria Araújo de Oliveira, a instituição está sem fluxo de caixa, com dívidas que, somadas, superam R$ 100 milhões.
O Ministério Público do Estado do Amazonas ajuizou em abriu deste ano Ação Civil Pública de Intervenção Judicial com pedido de liminar contra a direção da Fucapi.
Na ação, além do afastamento da Diretora-Executiva e membros do Conselho Diretor, o MP-AM requer a indisponibilidade de bens móveis e imóveis no valor de R$ 150 milhões e a nomeação de um interventor provisório.
Em meio à discussão sobre o futuro da Fucapi, a empresa Azione Educação apresentou proposta para assumir a manutenção da instituição. Na ocasião, o Ceo da Azione, Aldous Raiol Santana, disse que o investimento para os dois primeiros anos da nova gestão deveria ser de R$ 50 milhões, que viriam do seu principal investidor, o banco dos Emirados Árabes BK Investments.
No dia 24 de abril, Aldous Santana realizou um evento chamado Fucapi Day, onde foram apresentados novos diretores da Fucapi e novos projetos para a instituição, que incluíam a ampliação de vagas e de cursos.
Um mês depois, o projeto da Azione começou a enfrentar uma tempestade e corre o risco de naufragar antes de completar três meses.
No início do mês de maio, o MP-AM ampliou a investigação e mirou o contrato da Fucapi com a Azione. De acordo com a promotora Kátia Oliveira, a Azione passou a atuar ilegalmente em nome da Fucapi, inclusive fazendo contratos e recebendo recursos.
Enquanto a questão não é resolvida judicialmente ou administrativamente, os alunos da Fucapi vivem na incerteza de que terão o ano letivo concluído.