Do ATUAL, com Ascom MJ
MANAUS — O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que bombeiros, brigadistas e voluntários enfrentam dificuldades para combater incêndios florestais na Amazônia em função do deslocamento entre localidades de difícil acesso.
Devido às particularidades de cada bioma, os agentes precisam adotar estratégias específicas para o combate a incêndios florestais. A Amazônia e o Pantanal são as regiões mais afetadas pelas queimadas.
Conforme Jaldemar Pimentel, comandante das operações da Força Nacional na Amazônia, “a maior dificuldade é o deslocamento das tropas”. O custo das operações contra incêndios é de R$ 38,6 milhões até o momento e envolve 300 agentes da Força Nacional de Segurança.
“A maioria é feita por via aérea e, em algumas situações, fluvial. As condições de acesso são bastante limitadas, com estradas precárias”, disse Pimentel. Os agentes permanecem em regiões isoladas por até 15 dias até serem resgatados.
A situação é ainda mais crítica na região conhecida como Arco do Fogo, no Sul do Amazonas, onde muitos incêndios são provocados pela ação humana. “O desmatamento, a grilagem de terras e a queima controlada ou irregular da vegetação criam um cenário de destruição”, afirma Pimentel.
Ele explica que o processo de degradação ocorre em três fases: a queima superficial da vegetação, o corte das árvores mais altas e, por fim, uma nova queima. “Estamos lidando, portanto, com as consequências diretas do desmatamento e da grilagem, que resultam em incêndios devastadores”.
Pantanal
No Pantanal, o fogo de turfa, ou fogo subterrâneo, apresenta desafios únicos. Segundo Marinaldo Gomes Rocha, comandante do Grupamento de Busca e Salvamento da Força Nacional, “as operações são realizadas principalmente à noite quando os focos são mais visíveis e as condições climáticas são favoráveis”.
Além das dificuldades no combate, a presença de animais silvestres, como onças, representa um risco constante, especialmente durante as operações noturnas. O acesso às áreas de queimadas também é complicado, exigindo transporte aéreo.
Rocha ressalta a importância de desmistificar a ideia de que incêndios florestais são raros em regiões com muitos rios, alertando que a seca deste ano, devido à falta de chuvas, torna o Pantanal mais suscetível a incêndios.
Cerrado
No Cerrado, a vegetação de savana enfrenta um clima seco que facilita a propagação do fogo, agravada pelas práticas agropastoris. Rocha menciona o fenômeno 30-30-30, que combina temperatura superior a 30 °C, umidade relativa do ar abaixo de 30% e ventos acima de 30 km/h. O acesso a áreas complicadas, como a Chapada dos Veadeiros, limita o uso de veículos pesados, forçando os combatentes a atuar diretamente com ferramentas manuais.
“Essa ação é dificultada pelo fato de que o fogo pode atingir de 400 °C a 1.000 °C em situações extremas”, acrescenta Rocha.
Crimes Ambientais
A Polícia Federal está intensificando as investigações sobre crimes ambientais, com 5.589 inquéritos em andamento, sendo 52 relacionados a incêndios. Vinte policiais federais estão dedicados a investigar incêndios no Pantanal, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Além disso, foram criados polos de investigação nos estados que abrangem os biomas da Amazônia e do Cerrado. O programa Brasil Mais fornece imagens diárias de satélite de alta resolução para 517 instituições públicas, incluindo 198 órgãos de segurança pública, contribuindo para o monitoramento e combate aos incêndios.