
Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – Construído em 1905, no período áureo da borracha (1879 e 1912), o prédio de quatro andares em estilo renascentista entre a Rua Marechal Deodoro e a Avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus, está abandonado e deteriorado. No imóvel funcionou a sede da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), que foi instalada em 1921.
Na fachada do térreo, o laranja dos tijolos aparentes desapareceu. Predomina o cinza do cimento e cartazes de anúncios colados na parede e portas. Uma vegetação cresce em quatro das janelas. As grades douradas que protegem as janelas de ferro e vidro estão opacas e enferrujadas.
O prédio foi reformado em 1985, mas a condição atual é de ruína. O Correios transferiu a administração para um imóvel da Praça Antônio Bittencourt – a Praça do Congresso, também no Centro.
Embora a degradação da estrutura seja aparente, a ECT informa que o prédio possui um valor simbólico para a empresa e apresentou ao Ipham (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) um “projeto de conservação predial” que inclui a restauração da fachada, tratamento da cobertura, recuperação das partes metálicas, limpeza e pintura.
O Ipham confirmou que a ECT negocia com o instituto para manter a “estabilidade do prédio”. Técnicos do instituto visitaram o prédio no início deste ano.
“É um imóvel da União, de responsabilidade dos Correios. E qual é a corresponsabilidade do Ipham? Nós cuidamos da pasta Preservação, Conservação e Utilização dos Bens. A nossa parte é exigir, cobrar e fiscalizar que o dono daquele imóvel possa fazer a sua manutenção e garanta a vitalidade do prédio. E em caso de que ele não cumpra, pode gerar uma penalidade. E terceiro, a de conceder a autorização de obras naquele imóvel”, diz a superintendente estadual do Ipham, Beatriz Calheiro.
Beatriz esclarece que o prédio está em área tombada da cidade, que engloba uma região entre a orla do Rio Negro e o entorno do Teatro Amazonas, e é acompanhada e fiscalizada pelo instituto.
“Embora um imóvel esteja tombado pelo Ipham, ele não perde a sua titularidade que pode ser da União, do Estado ou do município. O Correios está estudando quais serão as formas de uso do imóvel”, disse Beatriz.
Em nota, o Correios informou que o projeto de reforma inclui ainda a recomposição da facha e esquadrias retiradas, a vedação para proteger contra as chuvas.
“A atual gestão dos Correios tem revisto a situação da carteira imobiliária da empresa, sendo colocados à venda os imóveis que não são mais eficientes do ponto de vista técnico-operacional da empresa. Todavia, o referido prédio da Marechal Deodoro, por possuir valor simbólico para a empresa, não será alienado”, afirmou. “Parte desta infraestrutura poderá ser utilizada para projetos que promovam a inclusão e a cidadania”.

“Assim, enquanto empresa pública, a empresa avaliará novos modelos de uso para o edifício, considerando, inclusive, a concessão da unidade a órgãos públicos, alternativa que possibilita o uso do espaço em benefício da população, com oferta, por exemplo, de outros serviços ou na entrega de ambientes que proporcionem o consumo de bens culturais a todas as camadas sociais”, concluiu o Correios.