
Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – Decisão judicial de 27 de outubro deste ano, determinando o afastamento da diretoria do Rio Negro por má gestão e realização de novas eleições no clube causou disputa por poder na agremiação, após a renúncia do presidente Jefferson Oliveira.
O afastamento da diretoria do Rio Negro foi determinado pela juíza Kathleen dos Santos Gomes, a pedido dos sócios Anísio Felipe Rodrigues, Ricardo Eugênio Almeida de Freitas, Antônio Gilson Nogueira de Souza e Raony Barros da Silva. Os sócios alegam que o clube recebe recursos públicos e privados e não realiza a devida prestação de contas.
Os dois vices-presidentes eleitos em 2022, na chapa de Jeferson, Álvaro Augusto Meninéa e Whashigton Deneriaz, que deveriam ser afastados, segundo a primeira recomendação judicial, passaram a disputar, na Justiça, o cargo de presidente interino, até o final do mandato, em 31 de março de 2025.
Atualmente no cargo, Washigton Deneriaz afirma estar legitimado como presidente do Rio Negro “O senhor Álvaro, eleito 1º vice presidente, está afastado do clube há mais de 365 dias. Tanto é que em todos os atos de gestão do clube em 2023 em que o ex-presidente Jefferson esteve ausente, fui eu que sempre o substitui”, diz.
Embora garanta a participação do Rio Negro no campeonato amazonense 2024, que começa dia 19 de janeiro, Deneriaz diz que “o planejamento para participação do clube foi completamente afetado” e que a disputa afastou patrocinadores. Mas nega qualquer possibilidade do Galo não disputar a competição. “Rio Negro entra em campo”.
Entenda a disputa
Após decisão judicial pelo afastamento da diretoria do Rio Negro, 0 presidente Jefferson Oliveira renunciou ao cargo, dia 23 de novembro. Em 1º de dezembro o sócio Ricardo Tadeu da Silva Onety foi nomeado pela Justiça como interventor do clube.
Decisão de plantão judicial de segundo grau, da desembargadora Maria do Perpétuo Socorro Guedes Moura, em 3 de dezembro, aceitou agravo de instrumento com efeito suspensivo contra a decisão de afastamento da diretoria e intervenção, em favor de Whashingon Deneriaz, segundo vice-presidente.
No dia 5, Deneriaz concedeu entrevista no sede do Rio Negro, para comunicar que estava assumindo a presidência do clube e anunciar Sidney Bento como treinador para a disputa do campeonato amazonense 2024.
Na mesma data, Álvaro Meninéa, primeiro vice-presidente de Jefferson, comunicou, por nota à imprensa, que passava a ser oficialmente o comandante do clube, por ser “o primeiro na linha sucessória do conselho diretor eleito no ano de 2022”.
No sábado (9), o presidente do conselho deliberativo do clube, Zacarias Bichara Neto, expediu portaria “reconhecendo” Álvaro Meninéa como presidente, “após receber e acatar a renúncia do ex-presidente Jefferson Oliveira”. A portaria atribui o cargo de primeiro presidente a Deneriaz, eleito em 2022 como segundo vice.
Na segunda-feira (11), em nova decisão da juíza Kathleen dos Santos Gomes, foi negado pedido de Meninéa para que fosse respeitada a linha sucessória e que Washington Deneriaz se abstenha de praticar qualquer ato privativo da presidência do Clube e seja proibido de adentrar aos espaços restritos à administração do Clube.
Para fundamentar a negativa, a juíza cita que houve, da parte de Meninéa, “mais de uma manifestação no sentido do abandono de suas funções junto ao Atlético Rio Negro Clube, conforme se vê na nota de afastamento e portaria interna”.
“Ademais, restou demonstrado nos autos que nenhuma atividade foi desenvolvida pela parte Autora na frente da gestão do Clube. Já pela parte Ré, verifico que no exercício de suas funções vários atos foram praticados (retirada do Clube de leilão, celebração de acordo com a concessionária de fornecimento de energia elétrica, representatividade em nome do Clube junto a Federação Amazonense)”, acrescenta a juíza nas razões do indeferimento do pedido de Meninéa.
Reação
Álvaro Meninéa disse que vai recorrer da nova decisão contrária, da juíza Kathleen dos Santos Gomes.
“Na manhã de hoje [terça-feira, dia 12] fomos surpreendidos com decisão judicial indeferindo medidas cautelares que pleiteamos visando garantir o respeito ao estatuto do Atlético Rio Negro Clube. O prédio do clube segue sendo usurpado pelo 2° vice-presidente através de truculência”, disse Meninéa em nota enviada ao ATUAL.
“Cumpre esclarecer que a decisão não confirma o segundo vice como presidente, ela tão somente nega a concessão de medida liminar, que pode ser revista e/ou concedida ainda a qualquer momento. Lamentamos a decisão e já estamos preparando o recurso cabível pois não se trata mais de fazer futebol, mas de assegurar o respeito aos 110 anos de história do Atlético Rio Negro Clube”.
De acordo com Meninéa, o clube “possui treinador e atletas apalavrados, aos quais, por respeitos aos profissionais que são, informaremos que não prosseguiremos com sua contratação mas arcaremos com a devida multa rescisória, não havendo qualquer prejuízo aos atletas e ao treinador”.
O Rio Negro estreia no Barezão 2024 no dia 21 de janeiro, contra o Manaus FC.
Deneriaz e Meninéa participaram, na noite de segunda-feira (11) da cerimônia de lançamento do campeonato amazonense 2024, promovido pela FAF (Federação Amazonense de Futebol), na Arena da Amazônia.