MANAUS – A frase inicial do título encerra o documentário “Kiwxi – Memória, missão e martírio de Vicente Cañas”, um irmão jesuíta espanhol que dedicou parte de sua vida na defesa dos povos indígenas do Mato Grosso, no Brasil. Kiwxi é o nome de batismo indígena e como ele era conhecido pelos Enawene-nawe.
O texto conclusivo do documentário segue: “Dos seis indiciados pelo assassinato de Vicente Cañas, somente um continua vivo e nenhum deles foi penalizado pelo crime cometido. Depois do martírio de Vicente, os Enawene-nawe fizeram a autodemarcação de seu território tradicional”.
O documentário produzido pela Verbo Filmes traz depoimentos de pessoas que conviveram com o missionário jesuíta, que viveu no meio do povo Enawene-nawe entre 1974 e 1987, quando foi assassinado, durante um processo de demarcação das terras indígenas dos Enawene-nawe.
Vicente Cañas foi encontrado 40 dias depois de morto, no dia 16 de maio de 1987 (o assassinato foi entre os dias 6 e 7 de abril). Ele estava com óculos, dentes e crânio quebrados, perfuração na parte superior do abdômen para atingir o coração e os órgãos genitais cortados ou arrancados. O corpo estava mumificado e preservado.
O primeiro julgamento sobre o caso só aconteceu 19 anos depois, em 2006, e os acusados foram absolvidos. Um novo julgamento aconteceu em 29 de novembro de 2017, e o único dos acusados de organizar o assassinato ainda vivo, Ronaldo Antônio Osmar, delegado aposentado da Polícia Civil de Juína, localidade onde ocorreu o crime, foi condenado a 14 anos e 3 meses de reclusão em regime inicial fechado.
O documentário foi concluído e publicado no Youtube em 28 de novembro do ano passado.
Assista ao documentário