Assistimos estarrecidos notícias veiculadas na mídia relativas à violência sofrida por uma mulher, que após conhecer o agressor pelas redes sociais, foi espancada pelo mesmo no primeiro encontro. Fatos como esse não deveriam causar espanto na sociedade, vez que, a cada 17 minutos uma mulher é agredida fisicamente no Brasil.
Todos os dias oito casos de violência sexual são descobertos no País, e toda semana 33 mulheres são assassinadas por parceiros. Para conter esse tipo de crime, a resposta legislativa foi a aprovação de leis para
proteção de violência contra mulher como a Lei Maria da Penha, Feminicídio, importunação sexual, dentro outras causas de aumento de pena aos delitos já tipificados.
Para tanto, todo esse aparato legal não está sendo eficaz, pois, somente entre os meses de janeiro e novembro de 2018, a imprensa brasileira noticiou 14.796 casos de violência doméstica no Brasil.
De forma geral, o cenário é preocupante, não apenas a violência doméstica aumentou, o índice de feminicídio é crescente, este, cometido por parceiro íntimo, sempre é precedido por outras formas de violência e, portanto, poderia ser evitado.
Por outro lado, no caso acima destacado, o que surpreendeu não foi apenas o contexto do crime, mais os comentários machistas, insensíveis e cruéis com o quais a vítima foi execrada, exclusivamente pela mesma ter se envolvido com uma pessoa mais nova.
O simples fato da vítima ter 55 anos e o acusado 27 anos, não é motivo para críticas, muito menos justifica um delito. Os “tiozões” podem ficar com as “novinhas”, mas a mulheres mais experientes não podem ficar com homens mais novos? Todos têm o direito de viver, de ter prazer, de buscar a felicidade.
Infelizmente foi mais um caso que terminou em tragédia, e expõe a necessidade de um cuidado redobrado, quanto ao início de relacionamento por meio de redes sociais. Vivemos em uma sociedade doente, alienada, de valores invertidos, onde o culpado nunca é culpado, onde a vítima é exorcizada.
Que os mecanismos para coibir a violência, especialmente os ligados a temática dos mais vulneráveis, se tornem cada vez mais eficazes, para que então, a sociedade possa se reerguer de forma justa e igualitária.
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