Da Redação
MANAUS – Após 20 anos do lançamento de estudo pioneiro sobre a cidade de Manaus, a historiadora e professora Edinea Mascarenhas Dias lança a edição comemorativa do livro ‘A Ilusão do Fausto – 1890-1920’, nesta sexta-feira, 17, no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), a partir das 19h, na Rua Bernardo Campos, Centro de Manaus.
Publicado pela Editora Valer, a obra revela uma visão crítica do período luxuoso das grandes obras e monumentos históricos da Belle Époque e que mostra o lado obscuro e escondido do processo de modernização que se abateu sobre a cidade naquela época.
A terceira e comemorativa edição reúne registros de grandes personalidades e pesquisadores da Amazônia, incluindo Milton Hatoum; Marilene Corrêa; José Aldemir de Oliveira; Aldisio Filgueiras; Renan Freitas Pinto, entre outros grandes nomes, importantes para uma melhor análise e compressão do contexto histórico do livro.
De acordo com Edneia Dias, o livro aborda não a imagem que se tem, mas a que ficou registrada na memória da cidade e na historiografia, que produziram efeitos de verdade, silenciando os que foram vencidos e excluídos desse processo civilizatório. “Historiando os aspectos negativos, resultado dessa urbanização, aponta-se também na ‘Ilusão do Fausto’ uma cidade que, apesar de seu enriquecimento com a borracha e sua modernidade, conviveu com problemas sociais de toda ordem. O foco, a direção, a escolha, foram conduzidos por muitas leituras e pesquisas nas fontes documentais”, diz a historiadora.
De acordo com avaliação do escritor Milton Hatoum, a “A Ilusão do Fausto – 1890-1920” é um estudo sobre uma cidade que foi planejada e construída para atender a uma demanda do capital internacional. Milton diz que muito se comentou ou escreveu sobre o espaço embelezado da cidade: suas praças, seus monumentos, seus edifícios suntuosos, dotados de estilos superpostos, importados da Europa, mostrando apenas uma cidade revelada em fotografias e cartões postais.
“Mas há uma zona de sombra, escondida ou muito pouco revelada nesse urbanismo pretensamente grandioso, espelhado na Paris do prefeito Hausssmann. Trata-se da outra face da ‘urbs’, uma face nada edificante da mesma fisionomia urbana: a Manaus dos excluídos. Ou seja, a dos pobres, miseráveis, imigrantes, enfermos e loucos”, cita.