EDITORIAL
MANAUS – O Governo do Amazonas anunciou no sábado (7) o retorno de 100% dos alunos às salas de aula nas escolas da rede pública estadual a partir do dia 23 deste mês. A Prefeitura de Manaus também se prepara para retorno 100% às aulas presenciais, apesar de não anunciar data.
Esse retorno, no entanto, tem encontrado resistência nos sindicatos que representam os profissionais de educação. Felizmente, nesta segunda-feira, o Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas), principal entidade representativa da categoria, apresenta um posicionamento mais moderado.
A entidade pondera sobre o risco do retorno, faz alguns questionamentos ao governo estadual e à prefeitura municipal, mas não se posiciona contra, como vinha fazendo até aqui.
Primeiro, os profissionais de educação se recusavam a voltar às salas de aula, no ano passado, sob a alegação de que apenas as medidas de distanciamento social e os cuidados com a higiene eram insuficientes para evitar a contaminação em massa dos que frequentam as escolas – e estavam corretos.
Segundo, neste ano, os sindicatos da categoria passaram a exigir que todos os trabalhadores da educação estivessem vacinados. Essa era a condição para retornar às salas de aula. Também estavam corretos, uma vez que a vacina já estava disponível para boa parte da população.
Neste momento em que o Amazonas caminha para vacinar todos os profissionais da educação com a segunda dose do imunizante, os sindicatos querem exigir que o retorno só seja feito com a vacinação dos estudantes menores de idade. Neste caso, a reivindicação é inconveniente.
Ainda não há vacina disponível no mundo para boa parte dos estudantes, principalmente os menores de 12 anos. A única vacina no Brasil que tem aplicação autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em adolescentes é a da Pfizer, que ainda não está disponível para esse público.
Mesmo que houvesse doses suficientes para imunizar estudantes menores de idade, apenas os de 12 anos completos ou mais poderiam receber a vacina.
O Sinteam acerta quando mostra preocupação com o retorno das aulas presenciais com todos os alunos na sala de aula, assim como quando questiona o governo sobre as medidas de segurança que devem ser adotadas nas escolas.
É importante manter o distanciamento social, o uso de máscaras, garantir meios para a manutenção da higiene pessoal, a testagem de Covid-19 para quem apresentar sintomas e os ajustes nas escolas para a boa circulação de ar.
Mas neste momento em que o mundo inteiro promove o retorno das atividades escolares e os especialistas dizem que ela é benéfica para os estudantes, não é hora de se fecham em posicionamentos extremos.
A hora é de desarmar os espíritos e travar um diálogo franco tanto por parte dos governos quanto dos profissionais de educação, pensando nos estudantes que estão há um ano e meio com as atividades escolares prejudicadas.
A retomada das atividades escolares é uma necessidade, o que se deve discutir é como fazer isso sem colocar em risco a vida de estudantes e profissionais da área.