O Índice de Confiança Social nas instituições brasileiras é estimado pelo Ibope, variando de 0 a 100. Os resultados da pesquisa de 2018 mostram que a confiança da população nas instituições nunca foi tão baixa. As duas instituições mais confiáveis são o Corpo de Bombeiros e as Igrejas. As duas instituições menos confiáveis são os Partidos Políticos e o presidente da República.
A análise macroeconômica destaca que o comportamento dos consumidores e dos investidores depende da confiança que depositam nas expectativas sobre a evolução da conjuntura econômica. Se desconfiarem que essa conjuntura esteja carregada de riscos e de incertezas políticas e econômicas, postergam os seus gastos de consumo e de investimento, reprimindo a demanda agregada e dificultando a retomada do crescimento de uma economia estagnada.
No Índice de Confiança Social dos brasileiros nas instituições, preocupa-nos a posição relativa das Empresas e dos Bancos, dada a sua importância para o adequado funcionamento de uma economia de mercado. Empresas e Bancos são elementos pivotais na oferta de bens e serviços que compõem o PIB; são responsáveis pela contratação de fatores de produção que geram a distribuição funcional da renda nacional; são determinantes na estruturação e nas inovações dos diferentes mercados financeiros.
Entretanto, o Índice de Confiança em Empresas e Bancos, além de ficar numa posição relativa inferior a outras instituições (Polícia Federal, Forças Armadas, Escolas Públicas, Polícia e Meios de Comunicação), caiu entre 2009 a 2018, de 61 para 50; ou seja, cada vez mais a população brasileira confia menos em Empresas e Bancos.
Nos anos 1990, foi criada a expressão Triple Bottom Line para representar um novo modelo de negócios em que as empresas deveriam no mínimo se orientar estrategicamente por uma perspectiva integrada de três dimensões de sua responsabilidade socioambiental: eficiência econômica, equidade social e respeito ao meio ambiente. Essa tríplice responsabilidade passou a ser incorporada nos valores, na missão e nos objetivos estratégicos das organizações empresariais, ora como se fossem independentes entre si, ora tão somente como peças de marketing da sua imagem institucional.
A partir da crise econômico-financeira mundial de 2008, consolidou-se um processo de financeirização das economias nacionais globalizadas, o que levou as empresas a modificar seu paradigma estratégico, privilegiando como objetivo dominante o valor dos negócios para os acionistas, como abordagem central a maximização dos lucros financeiros e como orientação primária de valor o utilitarismo instrumental ou o hedonismo. Os resultados não poderiam ser outros: uma profunda alienação entre o mundo das corporações e o público em geral, a perda de confiança na credibilidade das empresas e uma abordagem fragmentada da perspectiva ética dos negócios e das finanças corporativas.
Nos primeiros anos do século 21, emergiu o paradigma do valor público da empresa como mecanismo para monitorar a operação dos negócios através de indicadores de avaliação específicos, coordenados e dialogados com os interesses maiores da sociedade. O valor público de uma empresa no século 21 não deve se limitar à otimização dos ganhos financeiros para os seus acionistas e controladores, mas levar em conta, com intensidade e simultaneamente, as dimensões políticas e morais de seu funcionamento institucional.
No Brasil, muitas empresas têm destruído o seu valor público ao especular financeiramente contra a população, ao dizimar o valor socioeconômico dos ativos e serviços ambientais, ao favorecer a concentração da renda e da riqueza.
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