Quando o prefeito de Manaus disse, em seguidas entrevistas, que “Se alguém tivesse que ser candidato ao governo em 2014, seria eu” e não o vice-prefeito Hissa Abrahão, não estava jogando palavras ao vento. Quando pediu [segundo Hissa] para que o vice-prefeito desistisse da candidatura ao governo e dissesse isso publicamente como condição para permanecer no cargo de secretário da Seminf, não estava preocupado com a administração do município de Manaus. Arthur Virgílio Neto (PSDB) discutiu à exaustão a ideia de se candidatar e disputar com o senador Eduardo Braga (PMDB) o Governo do Amazonas. E ainda não chegou a uma decisão definitiva.
Arthur ficou tentado à disputa depois de seguidas conversas com o governador Omar Aziz (PSD), que estaria disposto a permanecer no governo até o fim, e abandonar a candidatura ao Senado, cuja vitória é apontada como certa por pesquisas internas de intenção de voto. A indefinição de Omar sobre a disputa ao Senado tem a ver com a indefinição de Arthur. Em troca, Omar ganharia apoio para disputar a Prefeitura de Manaus, em 2016.
Seria uma operação simples, não fossem as pedras no caminho de ambos. No governo, a pedra atende por José Melo (PROS), que se lançou candidato em março deste ano e vem usando a estrutura do governo para fazer campanha, com o aval de Omar Aziz. Em público, Omar dá sinais de que apoia a candidatura de Melo, mas nunca disse isso claramente. Do lado da Prefeitura de Manaus, a pedra no sapato de Arthur e Omar chama-se Hissa Abrahão. Menos pelo fato de querer ser candidato ao governo e mais pela herança que receberia se Arthur fosse o candidato de Omar.
Para concorrer ao governo, Arthur precisa renunciar ao mandato de prefeito. Hissa Abrahão se tornaria o prefeito e, fatalmente, desmontaria toda a estrutura montada para atender aos interesses do PSDB e seus aliados na administração municipal. Por conta disso, familiares e aliados mais próximos já manifestaram ao prefeito a recusa da proposta e pediram que ele permanecesse no cargo para concorrer à reeleição em 2016.
A pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), deu novo combustível as intenções de Arthur e Omar. Antes da pesquisa, ambos avaliavam que só Arthur, no atual cenário, teria condições de combater e vencer Braga em 2014. Com o apoio de Omar e, possivelmente, de Amazonino Mendes (que puxaria votos no interior do Estado), Arthur poderia se tornar governador e deixar Braga no Senado. Depois da pesquisa em que Arthur e Omar aparecem como os administradores mais bem avaliados do país, o prefeito passou a olhar o cenário com mais otimismo.
Mas o que fazer em caso de derrota? Sem mandato, sem Omar no governo, e com Hissa na Prefeitura de Manaus, Arthur precisaria esperar as eleições de 2018, porque a de 2016 já estaria prometida a Omar, com o apoio dele (Arthur).
E o que fazer com José Melo? Na avaliação do grupo de Omar, Melo é um poste, e a candidatura dele não decolaria nem com todos os aviões da Casa Militar a seu favor. Diante de uma candidatura de Arthur apoiada por Omar, restaria a Melo duas opções: lançar-se candidato dele mesmo, por um partido que sequer tem tempo de TV; ou aceitar ser vice de Arthur.
Convencer Melo a desistir de ser candidato é a tarefa mais fácil. A mais difícil é deixar um patrimônio de R$ 4 bilhões (valor do Orçamento anual da Prefeitura de Manaus) nas mãos do vice. O grupo que apoiou a candidatura de Arthur e que administra a prefeitura com ele, rejeita essa hipótese.
O jogo está apenas começando. Ainda faltam seis meses para as convenções partidárias. Até lá, o eleitorado do Amazonas pode esperar muitas surpresas.
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