Da Redação
MANAUS – Liderada por um funcionário do PAM (Pronto-Atendimento Médico) da Codajás, na zona centro-sul de Manaus, quadrilha roubava medicamentos de alto valor da rede pública de saúde do Estado em Manaus. Alguns medicamentos custam de R 5 mil a R$ 16 mil, segundo o delegado Adriano Felix, da DERFD (Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações). O grupo foi desarticulado pela Operação Higia, da Polícia Civil do Amazonas, na manhã desta quinta-feira, 16. O servidor Antônio Rodrigues Vieira, 56, é considerado pela polícia o líder da organização criminosa que envolvia um médico – ele não teve o nome revelado.
Além de Antônio, também foram presos Sílvio César de Araújo, que trabalha no Instituto da Mulher, e Sidney Barbosa Silva, do SPA (Serviço de Pronto-Atendimento) da zona sul. Os policiais fizeram diligências nos bairros São Francisco, Praça 14, Centro, Colônia Terra Nova, Cachoeirinha e Cidade Nova. Um médico, que não teve o nome revelado, foi conduzido coercitivamente. Ele é suspeito de comprar remédios roubados da rede pública.
Conforme Adriano Félix, os prejuízos ainda não foram calculados porque a polícia não sabe a quantidade de material desviado pela quadrilha. Os remédios eram roubados de almoxarifados de hospitais públicos como 28 de Agosto e João Lúcio e vendidos com ajuda de donos de laboratórios e de lojas de materiais médicos. Rodrigo Félix disse que esses remédios eram vendidos, inclusive, para pacientes. “Inclusive, pomadas foram encontradas nas casa de integrantes do grupo e que não eram encontradas nas unidades de saúde como UPAs”, disse Félix.
O grupo tinha ramificações no interior. Do hospital de Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus), a quadrilha roubou luvas cirúrgicas, filmes de raio X, dipironas. “Identificamos três empresas receptadoras. Uma é um instituto de radiologia no Centro de Manaus, um laboratório de análises clínicas e um consultório odontológico”, disse o delegado-geral Ivo Martins.
Conforme Martins, Antônio ganha salário de R$ 1,6 mil líquidos e tem dois filhos cursando faculdade particular de odontologia com prestação de R$ 1,4 mil cada. “O funcionário também andava em carros de luxo e levava um alto padrão de vida, incompatível com os rendimentos legais”, disse. “Pessoas podem estar morrendo por culpa desses crimes praticados por servidores públicos”, disse Martins. Três empresários, um farmacêutico, um dentista e um funcionário de empresa terceirizada estão envolvidos na fraude, revelou Martins.
A procuradora de Justiça Carla Fregapani disse que envolvidos no roubo de materiais de saúde podem ter ligação com os desvios descobertos pela Operação Maus Caminhos, que desbaratou outra quadrilha que desviava dinheiro do FES (Fundo Estadual de Saúde) repassados ao Instituto Novos Caminhos, que administrava unidades de saúde. “Isso ainda estamos investigando”, disse.