O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, com sua postura infame, não perdeu a oportunidade de macular mais uma vez imagem do Brasil no exterior. Integrante da lista de 500 convidados para as exéquias da rainha mais longeva, Elizabeth II, Bolsonaro se comportou como um arruaceiro.
Ignorou a liturgia do evento, o luto dos súditos da rainha. Reforçou sua imagem de uma pessoa sem educação, desrespeitou a Coroa Britânica que o convidou para as exéquias da monarca.
Pelo contrário, fez campanha eleitoral em solo inglês com um comício em um prédio público, a sacada da embaixada brasileira, em tese território brasileiro, e portando, cometendo crime eleitoral por abuso de poder, incentivando a arruaça, contrastando o silêncio solene.
Foi mais além. Aumentou a ameaça golpista ao deixar claro que não vai aceitar derrota no primeiro turno, ao afirmar com todas as letras que não aceitaria menos de 60% dos votos no 1º turno, contrariando o comando de sua campanha e de seus aliados e as próprias pesquisas de intenção de voto que o colocam em segundo lugar e a perspectiva de que seu adversário possa vir a ser eleito.
A fotografia captada do seu encontro com o rei Charles III mostra a falta de compostura de Bolsonaro como chefe de estado, com sorriso sem graça contrastando com o clima de sobriedade como naturalmente o encontro pedia. Afinal de contas ele estava em encontro com o filho da Rainha Elizabeth.
E a sanha eleitoreira do presidente não parou. Gravou vídeo tosco e sem sentido comparando o preço da gasolina praticado na Grã-Bretanha e no Brasil. Risível.
Não satisfeito, Bolsonaro vai a New York para discursar na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, a ONU. Na tribuna, diante de uma plateia esvaziada, o presidente se mostrou um provinciano tosco e mentiroso. Pintou um país e um governo fictício. Mentiu sobre a pandemia, se apropriou de projetos de lei em defesa das mulheres propostos e aprovados pelo Congresso e, o pior, falou em defesa da liberdade religiosa, quando ele, sua mulher e a turba que o segue, vivem atacando segmentos religiosos. Um discurso eleitoral voltado apenas para seus seguidores no Brasil.
Não satisfeito, Bolsonaro deu continuidade ao seu show de infâmia nesta sua viagem. Após presença na ONU, liderou a turba ruminante a uma churrascaria, onde subiu a mesa para fazer seu show de descompostura, chegando a subir à mesa.
Mais uma vez a imagem do Brasil é jogada no lixo por uma pessoa que nunca assumiu de fato a função de chefe de Estado e nem seguiu a liturgia que o cargo exige. Na história, Jair Bolsonaro tem um lugar. Vai se juntar ao presidente Arthur Bernardes (1922/1926), cujo mandato foi marcado pela constante instabilidade, crise econômica, conflitos políticos, revoltas armadas como a Revolta do Forte de Copacabana e o Tenentismo, desmonte das máquinas administrativas, liberdade de imprensa e os direitos individuais.
O próximo presidente a ser eleito, seja quem for, menos ele, lógico, terá pela frente a tarefa de reconstruir a imagem do Brasil.
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