Da Redação*
MANAUS – O boi-bumbá Caprichoso foi o primeiro a se apresentar neste sábado (25), segunda noite do 55º Festival Folclórico de Parintins. Na arena do Bumbódromo, o Touro Negro desenvolveu o subtema “Amazônia-Aldeia: o brado do povo”, que faz parte da temática “Amazônia: Nossa luta em poesia”. O espetáculo retratou a pluralidade e resistência dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia.
Entre os integrantes do elenco azul e branco, o sentimento foi de emoção e gratidão, por poder estar vivenciando o festival do reencontro.
“A emoção é natural, é de um encontro, depois de dois anos. Esse reencontro é para lavar a alma, para emocionar de verdade, aflorar a sensibilidade da gente. E o Caprichoso, se Deus quiser, vai ser campeão”, disse Júnior Paulain, animador do Caprichoso, que também já foi apresentador e amo do boi.
O compositor do boi azul, Juarez Lima Filho, que perdeu a mãe e outros familiares para a Covid-19, também se emocionou com a retomada do festival. “É um prazer novamente viver essa festa, esse festival. É um festival diferente, sobretudo da renovação da fé”, afirmou.
“A gente está aqui também por eles em memória, em especial a minha mãe querida, que era uma guerreira do galpão do Caprichoso, Irlani Lima. O Caprichoso faz esse resgate de sentimento, de renovação e, sobretudo, da fé”, ressaltou Juarez.
Como Figura Típica Regional (item 15), o Caprichoso apresentou “O Caboclo da Mata”, mostrando a vivência do homem que aprendeu com seus antepassados, a cuidar da floresta.
No item 17 – Lenda Amazônica, “Os Trilhos da Morte” trouxeram a narrativa da construção da ferrovia Madeira-Mamoré (1907 a 1912).
E no ritual (item 4), a agremiação mostrou a história da unificação do povo Wayana-Apalai, que habitam a fronteira entre o Brasil e o Suriname.
No momento tribal, o Caprichoso reverenciou mulheres guerreiras como Tuíra Kayapó, Célia Xacriabá, Sônia Guajajara, Sâmela Sateré, Alessandra Kabá, Teporí Yawalapiti e a cunhã-poranga Marciele Albuquerque Munduruku.
Provocação
O Amo do Boi (item 6) Caprichoso, que neste ano assumiu o nome “Prince do Caprichoso” (antes era Prince do Boi), fez uma provocação ao boi contrário na sua última apresentação, ao criticar a lenda amazônica que o Garantido apresentou no primeiro dia do festival.
Prince disse que a Cobra Honorato apresentada pelo Garantido é indiana e não uma lenda amazônica. “Ontem aqui nesta arena, o boi contrário quis mostrar uma lenda da Amazônia. Eles estão meio perdidos; esqueceram que eu sou um caboclo amazônica. E vou dizer que essa tua Cobra Honorato é uma cobra indiana”, cantarolou, meio sem rima.
De quebra, Prince provocou o Amo do Boi do contrário: “Já o Amo contrário anda meio desanimado, versa sei lá com o que na boca, parece que está entalada. E o mundo inteiro já sabeeeee. Ele é desafinado!”
A manifestação de Prince foi uma resposta à provocação do Amo do Boi Garantido, João Paulo Faria, na noite anterior. “Boa noite Amo contrário, com seus versos repetidos. Boa noite eterno freguês do boi-bumbá Garantido”, cantou Faria.
*Com informações da Secom