Da Redação
MANAUS – A delegada Joyce Coelho, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, afirmou que Thalisson Renato dos Santos Melo, de 24 anos, preso suspeito de armazenar 800 vídeos e fotos de pornografia infantil e estupro de vulnerável era vizinho das vítimas, fazia com que assistissem filmes pornográficos e dava presentes para atraí-las. “Thalisson pretendia fugir”, disse Coelho.
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (25), a delegada informou que até o momento cinco crianças compareceram à delegacia e disseram que foram vítimas. “As vítimas que compareceram até então, cinco crianças da faixa etária de 6 a 10 anos de idade, elas são crianças que são do convívio dele. Inclusive, duas crianças são afilhadas dele”, disse Coelho.
A delegada afirmou que o acesso do investigado às crianças também era facilitado pela proximidade das residências. “O que é que acontece, essa foi a nossa maior preocupação com a liberdade dele. Porque ele reside numa área de vila e todas essas crianças moravam ali. Ou seja, ele tinha livre acesso às crianças, era muito próximo esse contato. Ainda que tenha ficado estabelecido na decisão que ele devia se afastar e não se aproximar das crianças, ele era o vizinho da casa ao lado”, relatou.
De acordo com Joyce Coelho, as mães foram surpreendidas com a revelação e que após a prisão de Thalisson, as crianças conseguiram falar sobre os abusos sexuais. “Então as crianças, ao saber da prisão dele, começaram a contar, se reconhecer em algumas imagens. Então isso foi muito chocante também para as famílias. E todos ali, no mesmo ambiente”, disse.
A delegada explica que por terem um vínculo de parentesco com Thalisson, as crianças mencionavam de maneira muito natural que ele as levava para o quarto, pedia que tirassem a roupa e fazia as gravações.
“Com um detalhe, primeiramente ele tinha um padrão de mostrar um vídeo pornográfico e dizer que ia fazer igual com as crianças. Depois pedia que a criança não contasse, oferecia um joguinho, deixava uma mexer no celular, então essas pequenas coisas. Algumas não entendiam aquilo, a idade muito pequena, de 6 a 10 anos”, relatou Coelho.
Segundo a delegada, as investigações continuam para identificar vítimas que apareciam em conversas no celular do suspeito em redes sociais. “Essas crianças são as do convívio, mas a gente tem as crianças que ele acessava via rede social. E essas a gente vai precisar trabalhar na identificação delas primeiro e trazê-las até aqui”. Em vários perfis ele se apresentava como criança, informou a delegada.
Thalisson Melo foi preso na terça-feira (22), suspeito de armazenar 800 vídeos e fotos de pornografia infantil e divulgar alguns em redes sociais. Em entrevista coletiva na quarta-feira (23), a delegada Joyce Coelho afirmou que se tratava de crime afiançável, com pagamento estipulado em R$ 10 mil.
O suspeito chegou a conseguir liberdade provisória em decisão da juíza Suzi Irlanda Araújo Granja da Silva, após audiência de custódia. A magistrada alegou que manter prisão por falta de condições para pagar fiança é ilegal e que a decretação ou manutenção da prisão preventiva exige a presença das seguintes circunstâncias.
Na nova prisão, nesta quinta-feira (24), agora temporária, Thalisson é acusado de estupro de vulnerável. Coelho afirma que a situação é diferente pois houve o relato das vítimas o reconhecendo como autor do crime e o pedido foi aceito pela Justiça Estadual. “Ele vai ser interrogado ainda hoje [sexta-feira, 25]. Agora, já questionado sobre os estupros aqui relatados. E independentemente da alegação dele, agora a situação já está muito mais configurada. Ele será indiciado por estupro de vulnerável, até aqui, dessas cinco crianças”, disse a delegada.
De acordo com Coelho, ao ser liberado ele voltou para casa em que mora com os pais e pretendia fugir. “Entretanto, como já tínhamos a configuração desses fatos novos nós procuramos dar bastante celeridade. Inclusive recebemos uma denúncia anônima de que ele estava se preparando para se evadir”, afirmou.