Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – A ida a Brasília de Rebecca Garcia, presidente do PP no Amazonas, não foi simplesmente para acertar a filiação do deputado federal Átila Lins (PSD) à sigla. Foi uma ação para neutralizar investidas do senador Omar Aziz, presidente do PSD no Amazonas, de tomar o partido da família Garcia. Rebecca e o pai dela, Francisco Garcia, estão no comando da sigla desde que ela foi criada, em 2003.
Rebecca Garcia disse que foi a Brasília quando soube que Omar Aziz queria levar a legenda para o grupo político comandado por ele no Amazonas. Ela afirmou à reportagem que não chegou a presenciar conversar, mas foi informada pelo comando nacional do PP de que houve e tentativa de tomar o partido dela.
Uma fonte de Brasília informou ao ATUAL que Omar Aziz esteve com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, e ofereceu um deputado federal do Amazonas para se filiar à sigla, desde que esse parlamentar assumisse a direção estadual. Ciro rejeitou a proposta, apesar de o PP ter ficado sem representante do Amazonas na Câmara Federal, com a saída da deputada Conceição Sampaio para o PSDB.
Omar, então, dobrou a aposta: ofereceu um senador e dois deputados federais. Ele deixaria o PSD para se filiar ao PP e levaria mais dois federais, em troca da direção estadual do Partido Progressista. Ciro Nogueira, mais uma vez recusou a proposta, segundo essa fonte, por conta da lealdade de Rebecca e Francisco Garcia nesses anos à frente do PP.
Questionado sobre o episódio, Rebecca respondeu: “Eu soube dessa informação, mas não presenciei. Mas dentro do partido, entre os líderes, corre essa história. Na verdade, esse foi o motivo de eu vir a Brasília. Eu vim segunda-feira e só pretendo voltar quando isso estiver resolvido. Hoje acho que já foi neutralizado. Mas o jogo aqui é pesado”, disse.
O caso Conceição
As investidas para tirar o PP da família Garcia começa com a desfiliação da deputada Conceição Sampaio, que anunciou na semana passada que a ida para o PSDB. Omar e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), tentam fortalecer um grupo para disputar as eleições gerais deste ano, e o PP tem dois ingredientes que aguçam o apetite dos políticos: tempo de propaganda no rádio e TV e dinheiro do fundo partidário. Afinal, trata-se do quarto maior partido, que nesta reta final da janela partidária deve receber novos deputados federais, aumentando ainda mais a bancada na Câmara.
A saída de Conceição cumpriu o objetivo de enfraquecer a legenda no Estado para facilitar a negociação com a direção nacional do PP. Sem representante na Câmara dos Deputados, o grupo de Omar, então fez a oferta de um parlamentar, que não seria Átila Lins.
O caso Átila
O deputado federal Átila Lins é daqueles parlamentares que analisam o jogo político friamente, sem paixões. Foi uma análise fria que o levou a deixar o PSD. Na avaliação do parlamentar, com a formação em curso do grupo liderado por Omar Aziz seria muito difícil para ele conseguir a reeleição.
Átila, então, procurava uma legenda que lhe desse mais tranquilidade. “Eu soube dessa informação e comuniquei ao Ciro Nogueira que o Átila estava procurando um partido”, disse Rebecca. A filiação de Átila Lins deve ser confirmada na noite desta quarta-feira, 4.
Amazonino
Nos últimos dias, veículos de comunicação local deram a notícia da ida de Átila Lins e do irmão dele Belarmino Lins (Pros) para o PP como uma estratégia acertada com Amazonino Mendes (PDT).
Rebecca Garcia nega que o PP tenha mantido conversar com o governador do Amazonas sobre a filiação dos Lins.
O ATUAL apurou que Átila procurou Amazonino para questionar se a ida dele para o PP não iria arranhar a relação do governador com os prefeitos que o apoiam. O parlamentar queria ter a garantia do governador, e recebeu, de que os prefeitos que apoiam os Lins não seriam “perseguidos”.
Candidatura
Rebecca Garcia reafirmou o que disse no mês passado de que tentará viabilizar a candidatura dela ao Governo do Amazonas e o acordo que tem com o deputado estadual David Almeida (PSB) de que as pesquisas de intenção de voto vão definir quem será cabeça de chapa. David também pretende se candidatar a governador do Amazonas.
De acordo com Rebecca, as pesquisas de intenção de voto serão encomendadas pela Fundação Milton Campos, ligada ao PP. “As pesquisas para o Amazonas já foram autorizadas e a gente vai fazer pesquisa de preço para definir o instituto que vão executar”, disse Rebecca.