Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – O avião Cessna 560XLS prefixo PR-TRJ, apreendido pela Operação ‘Maus Caminhos’, envolvia uma sociedade entre o médico Mouhamad Moustafa, um primo dele que é um político e o dono do SBT no Amazonas. O nome do político e a identidade do proprietário do SBT não foram citados por Mouhamad em conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal na Operação ‘Maus Caminhos’. A PF investiga para tentar descobrir a identidade dos envolvidos e qual o ramo de negócios do SBT.
Na conversa, Mouhamad diz que teria 60% de participação na sociedade. A PF identificou que a empresa Rico Taxi Aéreo seria a responsável por operar a aeronave, que se encontra registrada em nome da empresa Lugarfix Sociedad Anonima, sediada no Uruguai, país qualificado como paraíso fiscal permitindo a ocultação de patrimônio.
A Polícia Federal descobriu que Mouhamad realmente fazia uso da aeronave, tendo sido registrado seu desembarque no dia 31 de maio de 2016, junto com a família, em Manaus. “A busca realizada na empresa Rico Taxi Aéreo reforça a relação de Mouhamad com o referido bem, uma vez que foram encontrados 19 guias que documentavam os voos realizados pela aeronave em questão. Sendo assim é possível afirmar que o médico viajou ao menos 19 vezes como cliente do PR-TRJ entre fevereiro e julho de 2016”, cita a PF em relatório da investigação.
Com relação aos dados bancários, a PF identificou 18 transferências para a Rico Taxi Aereo, no período de aproximadamente um ano, no total de R$ 1,550 milhão.
O médico diz que está negociando a saída da sociedade para adquirir um outro avião. A compra seria nos Estados Unidos. Segundo ele, os sócios iriam comprar sua parte no negócio.
Em outras conversas interceptadas pela PF, Mouhamad fala de seus compromissos com ‘terceiros’ e afirma que terminando alguns deles, pretende se manter em associação apenas com o ‘Villa Mix’.
Dinheiro
Mouhamad Moustafa é considerado pela PF como o chefe da quadrilha que desviou mais de R$ 110 milhões em contratos de serviços na saúde pública no Amazonas. Conforme a PF, ele guardava uma grande quantidade de dinheiro em casa e registrava em fotos tiradas no celular. Uma dessas imagens foi recuperada pela PF. Ela mostra a presidente do INC (Instituto Novos Caminhos) Jennifer Nayara e sua diretora financeira, Priscila Coutinho, a quem cabia cuidar de toda movimentação de dinheiro, com maços de dólares na mesa.
De acordo com as investigações da PF, era prática constante de Mouhamad e seus comparsas utilizarem-se de dinheiro em espécie como forma de ocultar a origem e eliminar vínculos entre pessoas e a finalidade do pagamento.