MANAUS – Na denúncia oferecida nesta segunda-feira, 16, pelo Ministério Público do Estado do Amazonas à Justiça contra 13 integrantes da organização criminosa que atuava na Prefeitura de Iranduba, desarticulada pela Operação Cauxi, na semana passada, o prefeito do município, Xinaik Medeiros, e o seu secretário de Finanças, David Queiroz, são apontados como autores de diversos crimes que podem resultar em penas de 19 a 55 anos de prisão. A informação é do promotor Mauro Veras Bezerra, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
De acordo com o promotor, as denúncias estão ancoradas nas investigações que vinham sendo realizadas pelo Ministério Público e calçadas por provas colhidas no material apreendido pela Operação Cauxi, deflagrada na sexta-feira, 13. Na ocasião, foram presos o prefeito Xinaik Medeiros, o secretário David Queiroz, apontado como o mentor e coordenador da organização criminosa, a irmã do prefeito Nadia Silva de Medeiros e mais dois secretários.
Mauro Veras Bezerra informou que após a análise das provas colhidas durante a Operação Cauxi outras pessoas podem ser denunciadas por crimes cometidos pela organização. Questionado se a pressa do MP em oferecer a denúncia não poderia atrapalhar os os trabalhos no futuro em enfraquecer a própria peça acusatória, Veras Bezerra disse que não. “As provas que já temos contra esse grupo já são extremamente robustas e evidentemente já estavam maduras para dessa denúncia contra as pessoas ali indicadas. Quando eu falo que ainda há necessidade de investigação e apuração de outros fatos e ou desse mesmo fato, é porque as provas documentais que agora vão ser apuradas e outras que possam ser testemunhais podem apenas complementar e robustecer as que nós temos, mas nada que venha a prejudicar o que já foi apurado”, disse.
Os denunciados
Além do prefeito Xinaik Medeiros, do secretário David Queiroz, e da irmã de Xinaik, Nadia Silva de Medeiros, estão denunciados pelo Ministério Público no primeiro processo da Operação Cauxi Amarildo da Silva Medeiros, Sérgio Souza da Silva, Almir Silveira Prestes, André Maciel Lima, Edu Corrêa Souza, Genilson Ferreira da Silva, Piter Vilhena Gonzaga, Anny Glez Fialho da Silva, Ângela Rayane do Amazonas Medeiros de Araújo e Raimundo Israel de Araújo.
“Com o fim de dissimular e ocultar a origem e a titularidade do dinheiro obtido criminosamente, os denunciados usam de expedientes variados para escamoteamento, dentre os quais se destacam, dentre outros: 1) dissimulação de movimentações de dinheiro mediante utilização de interpostas pessoas; 2) ocultação de dinheiro ‘vivo'” diz a denúncia do MP.
O documento protocolado por via eletrônica nesta segunda-feira tem como documentação acostada a medida cautelar de quebra de sigilo fiscal e bancário de 27 alvos da operação; medida cautalar de quebra de sigilo telefônico e interceptações das comunicações telefônicas de 15 alvos; medida cautelar de quebra de sigilo fiscal e bancário de mais 40 alvos e medidas cautelares criminais de busca e apreensão e prisões.
Os crimes
Os chefes da organização criminosa, de acordo com o Ministério Público, são o prefeito Xinaik Medeiros e o secretário de Finanças David Queiroz. O primeiro foi denunciado pelos seguinte crimes: participação em organização criminosa, crime de responsabilidade, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Se for condenado por todos os rimes, pode pegar até 55 anos de prisão.
O secretário David Queiroz foi denunciado por crimes de participação em organização criminosa, concussão (obter vantagem em função de cargo público), fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Se for condenado por todos os crimes, pode pegar a mesma pena do prefeito, que varia de 19 a 55 anos de prisão.