Li nesses dias de Copa do Mundo que o Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano (Implurb) montou um Comitê Municipal de Controle de Publicidade, de Atividades Comerciais e de Mobilidade Urbana que tem como finalidade coibir práticas de comércio ilegal e de propaganda nas proximidades da Arena da Amazônia e da Ponta Negra, onde se realiza o evento Fifa Fan Fest.
O comitê foi uma exigência da Fifa, e está previsto na Lei Geral da Copa, formatada especialmente para proteger a Federal Internacional de Futebol da pirataria de produtos durante os jogos do mundial. A Lei Geral da Copa protege as marcas registradas e combate a comercialização de produtos com os motivos da Copa do Mundo licenciados pela Fifa, a fim de impedir que uma empresa não patrocinadora do evento fature com ele indevidamente.
Neste fim de semana, equipes de fiscalização do Implurb retiraram bares infláveis instalados no entorno da Arena da Amazônia, placa irregular de publicidade e uma barraca de marca de bebida concorrente da patrocinadora da Fifa. Todo o material recolhido estava nas proximidades da arena.
Esse e outros eventos relatados por torcedores que foram ao estádio e aprovaram a organização do evento, bem que poderiam ser estendidos a outros cantos de Manaus. Dou um exemplo de contraste entre o que se faz para os turistas na área central da cidade e o que a cidade vive, de fato, fora do eixo da Copa: na zona leste de Manaus, especificamente na Avenida Autaz Mirim (Grande Circular), dezenas de vendedores ambulantes ocupam as calçadas com bancas de CDs e DVDs piratas. São milhares de filmes e discos de músicas comercializados ilegalmente, sem que o poder público mova uma palha para coibir.
O comércio ilegal no Centro da Cidade continua a todo vapor e só a muito custo a Prefeitura de Manaus conseguiu remover os que trabalhavam no entorno da Praça da Matriz e nas calçadas da Avenida Eduardo Ribeiro. No entanto, esse comércio ilegal e irregular começa a migrar para as zonas periféricas da cidade, em alguns casos até por iniciativa dos que se beneficiam dos recursos públicos destinados a tirar os camelôs do Centro Histórico.
As calçadas dos bairros, em ruas e avenidas de grande fluxo de pessoas e veículos, começam a ganhar bancas de toda ordem, montadas por vendedores ambulantes novos e antigos, alguns que saíram do centro da cidade e buscam uma alternativa na periferia.
A imposição da Fifa, que em algumas áreas merece críticas, no caso da limpeza do comércio e da publicidade ilegais não deixa de ser um legado. A organização da Copa do Mundo mostra que é possível fazer, basta que haja uma ação mais efetiva dos órgãos de fiscalização no sentido de evitar, de cortar o mal pela raiz.
Já que os grandes legados para a cidade, como o transporte coletivo, não vieram antes da Copa, que fiquem os pequenos exemplos. Uma cidade mais bonita não depende só de “educação”, como muitos querem fazer crer. Depende de atitudes firmes do poder público, principalmente na organização da cidade.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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