SÃO PAULO – O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio desse ano pegou muita gente de surpresa, “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Indagava-se sobre qual tema seria escolhido, mas nem de longe imaginávamos que seria algo tão pertinente e esquecido. Lembro de quando eu estava no ensino médio e estudava em uma escola onde havia um projeto de inclusão de jovens surdos, tínhamos aulas de libra para que pudéssemos nos comunicar com os amigos surdos, ter a chance de ajudá-los nos deveres e também incluí-los nos trabalhos de grupos. Aquele projeto deu certo e aos poucos percebemos que não havia mais dificuldade alguma em conviver com pessoas que não poderiam nos escutar, a sensibilidade com que os professores e intérpretes passavam para os alunos a forma correta de se comunicar com os colegas fez toda a diferença no aprendizado daqueles jovens. Porém, essa não é a realidade de todas as escolas e consequentemente nem todos os surdos têm esse mesmo tratamento. É importante lembrar que Mais de 9,7 milhões têm deficiência auditiva no País, porém apenas em 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida como oficial. A deficiência da educação e da falta de uma política inclusiva é alarmante. A acessibilidade para surdos ainda é um desafio. Essa parcela da população ainda enfrenta dificuldades para conseguir realizar atividades cotidianas. Os alunos que escreveram as redações sobre o tema, puderam dar voz a um assunto importante, puderam expor ideias e lembrar dessas pessoas que muitas vezes são esquecidas, mas que de todas as formas fazem parte da nossa sociedade. Que o silêncio não venha de quem pode gritar por direitos e políticas de inclusão para essas pessoas que estão à margem aguardando uma oportunidade de ter um ensino digno e eficiente.