Todas as vezes que saio da minha aldeia para ver competições de alto nível (Olimpíadas e Copa do Mundo de Futebol), procuro a central da Fifa, Fina ou do COI para saber o que irão apresentar os cientistas envolvidos com os esportes olímpicos.
Na Copa do Mundo de Futebol da Espanha tive o prazer e a honra de assistir a uma palestra e lançamento do livro “Os Segredos do Futebol” de um dos maiores treinadores de todos os tempos, o uruguaio Helênio Herrera. Ele sabia tudo e sempre pedia a colaboração para que seu próximo livro fosse melhor. Quando chegou no capítulo dos dribles, ele pediu apoio aos brasileiros, proprietários dos melhores exemplos, segundo Helênio, eu, humildemente proporcionei ao mestre dois exemplos esquecidos: o “Elástico” do Rivelino, e a entrada na área com as primeiras pedaladas e batidas de direita para esquerda, especialidade posterior do craque palmeirense: Leivinha. O Grande Helênio agradeceu como se eu fosse um especialista e pediu meus dados. Recebi papéis e publicações durante anos. Comprei quatro livro, um deles para o técnico do meu Naça. Sabem o que o meu técnico disse ao receber o livro mais procurado e comprado do mundo futebolístico, à época, diante do meu queixo totalmente desbarrancado:
– Robertinho, perdeste tempo e dinheiro, disso daí, já sei tudo! Quando saiu, deixou, ou esqueceu o livro por cima de um banco na sede do meu clube. Eu o tenho até hoje.
Copa do Mundo da Itália, a seleção brasileira conseguiu ser a pior de todos os tempos e fez com que fôssemos atrás das palestras da Fifa. Dois suecos resolveram colocar um tema para discussão embasado em extensa pesquisa. O tema: um time de futebol não poderia ter dois negros na zaga central. Em noventa minutos eles teriam dez minutos de apagão. Era a decretação da morte do futebol no continente africano.
Foi a palestra mais procurada e ao final de muitas brigas, sopapos e empurrões, saímos com o pedido dos palestrantes para contabilizarmos o seguinte:
“ Em noventa minutos quantas pixotadas os zagueiros negros dariam”
O jogo das quartas de final chegaram com Inglaterra X Camarões. Pela Inglaterra vimos Shilton, Platt, Gascoine e o artilheiro Lineker. Pelos Camarões vimos a mais espetacular partida de Roger Milla, do volante Kundé, um dos melhores do mundo e de todos os tempos, e do não menos famoso e artilheiro Ekeke. A Inglaterra levava um baile dos africanos quando a defesa começou a dar “pixotadas” e entregar pênaltis. Ao final, construíram uma barreira que o mundo inteiro sabia que aquele buraco seria fatal. O artilheiro Lineker não entendeu, como todos os presentes, e empurrou a bola para o gol de desempate, 3 X 2, sem a menor dificuldade. Pelo sim ou pelo não, o Brasil terá Thiago Silva e Daniel Luiz, um moreno e um louro.
Recentemente começaram os estudos sobre o ritmo dos países competitivos e os esportes de melhor adaptação dos seus praticantes.
O futebol começou a dar mostras do ritmo pelas formas e posições adotadas por brasileiros durante suas jogadas de efeito. Os movimentos de Pelé, Garrincha, Denilson, Julio “Uri Geller” Cesar, Leivinha, Edu, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho estão presentes e são estudados em todas as Clínicas Técnicas e em todas as escolinhas do mundo. O único centroavante que não tem alternativas de dribles, frente aos zagueiros das seleções copeiras, é exatamente o brasileiro Fred. É o único atacante das seleções de elite que não ganha de ninguém na corrida, de ninguém na cabeça e não sabe driblar para entrar de frente com o goleiro. E não treina para melhorar essa gritante deficiência.
O ritmo passou a ser adotado em aulas de dança do nosso selecionado de voleibol e sabemos das inúmeras vitórias, do masculino e do feminino, que levou o presidente do nosso esporte campeão a ser o Presidente da Federação Internacional de Voleibol. A dança passou a ser adotada como treinamento específico nos esportes.
Dia 22 de dezembro de 2013, o mundo assistiu, assombrado, à evolução técnica do nosso selecionado de Handebol. Foi uma lição do que o técnico dinamarquês conseguiu fazer, para juntar e misturar, a técnica e a disciplina tática dos europeus do leste, a organização dinamarquesa e a leveza e ritmo das brasileiras. O jogo deveria ser visto pelo Lenny Dale, o grande coreógrafo que tivemos por aqui, e ensinada, a coreografia, em todas as quadras do Brasil. As fotos das brasileiras são as coisas mais bonitas já apresentadas no Handebol. Era braço para um lado, pernas para o outro, cabeça para baixo e bola saindo devagarzinho por cima da goleira adversária. Se alguém que estuda ritmo nos esportes não viu esse jogo final contra a Sérvia, pesquise e obtenha o jogo final. Uma belíssima aula de dança, ritmo e objetividade das nossas jogadoras e do nosso técnico dinamarquês, Morten Soubak.
Tomara que não tenhamos saudade de não ter contratado o Pep Guardiola para ficar com os jurássicos Parreira e Felipão.
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Roberto Caminha Filho, economista e nacionalino, participa de todas as clínicas e palestras durante as competições de elite.