MANAUS – Em carta emocionante, denominada “Epístola ao governador Jatene”, o jornalista Lúcio Flávio Pinto, de 68 anos, pede a renúncia do governador do Pará, Simão Jatene (PSDB). Ele diz que o governador “parece ter se decidido a apenas deixar o tempo passar e encerrar seu mandato com a glória formal (e abstrata) de ter sido o paraense por mais vezes – três – eleito governador do Estado, pelo voto livre e geral dos seus conterrâneos.
O principal motivo do pedido é a inércia do governador diante do quadro de violência que assola o Estado do Pará, principalmente a capital e os municípios da Grande Belém. Ele diz que os jornais diários de Belém narram “homicídio da primeira à última página dos cadernos de polícia, numa sanha que também é de predador da desgraça alheia (só de pobres, pretos e prostitutas)”.
Na maioria, segundo Lúcio Flávio Pinto, são execuções sumárias, bárbaras, selvagens, animalescas. “Nada igual em qualquer parte do país (talvez do mundo sem guerra declarada), mesmo no Rio de Janeiro, cuja segurança pública está sob intervenção militar federal (de impressionar – e nada mais)”.
Depois de narrar alguns casos de violência e de fazer uma análise da atuação das forças de segurança, o jornalista diz que o governador “cansou, não quer ou não pode se colocar à frente da situação, a posição exigida de quem é comandante”.
Diante do quadro, ele pede que o governador renuncie. “Faça como Raúl Alfonsín, que saiu da presidência da Argentina antes do tempo para permitir ao país antecipar sua reorganização, que o chefe da nação já não se sentia em condições de realizar”.