SÃO PAULO – Era manhã da sexta-feira que antecedia os dias da prova mais importante da vida de Juliana. Ela que havia se preparado durante o ano inteiro, estava ansiosa, arrumou todas as coisas necessárias para levar ao colégio que guardava a primeira prova, do início de um sonho, a universidade.
O dia chegou, o sábado ensolarado trouxe através de uma fresta da janela o “bom dia” necessário para que Juliana levantasse daquela cama com alegria e esperança. O fuso horário não estava favorável, em Manaus os portões iriam se fechar às 11h. Era preciso ter cautela.
O colégio não era tão distante da casa de Juliana, mas ela fez questão de chegar cedo e aguardar em segurança. Foram quatro horas de prova, as duas garrafas de água não foram suficientes para hidratar a garganta seca, de nervoso, tensão. “Era mais difícil do que eu imaginava, mais difícil do que eu havia me preparado”, disse Juliana, cabisbaixa ao sair do colégio.
Se eu fosse você, não deixaria de acompanhar essa história até o fim.
O domingo chegou, Juliana não estava tão eufórica quanto estava no sábado. Sua mãe não percebeu, mas ela chorou no caminho de casa para o colégio, só conseguia pensar no quanto ela precisava se sair bem na redação, haja vista que ela tinha se preparado tanto, tantas horas de estudo, exercícios.
Mais cinco horas de prova! 🕝
Em casa, Juliana agora estava preocupada com o resultado do gabarito. Trancou-se, isolou-se em seu quarto. Cada questão de seu caderno azul era uma batida diferente do coração. Uma a uma Juliana foi verificando através do gabarito online, cada questão era equivalente à pressão e expectativa que seus pais, família, amigos haviam depositado nela.
Juliana não foi bem nas provas!
Era 23h quando seus pais chegaram em casa, “Ju? Venha comer a lasanha que trouxe para você”. SILÊNCIO!
Correria, a porta está fechada. JULIANA ABRE ESSA PORTA. Gritava o pai com a voz falhando.
SILÊNCIO!
(23h45) Juliana foi encontrada sem vida debaixo de sua mesa de estudo. Com as duas provas rasgadas e jogadas na lixeira.
Poderia ser ficção, mas aconteceu.
Vale a pena a pressão psicológica depositada em nossos adolescentes, que muitas vezes sem preparo necessário sonham com a universidade, através de uma prova utópica? Em um país despreparado, jogamos todos os anos com o psicológico dos candidatos e fazemos eles acreditarem que a vida deles depende de uma prova que nem os seus mestres conseguem resolver.
Até quando?