O Brasil costuma virar suas crises com um período de grande prosperidade. Foi o que aconteceu com o final dos anos cinquenta a chegada dos anos sessenta. Ganhamos com o Adhemar Ferreira da Silva, no salto triplo; Vinícius, Tom e João Gilberto, acompanhados de Carlinhos Lyra, Menescal e Johnny Alf criaram a bossa-nova; Nelson Pereira dos Santos, o baiano Glauber Rocha e Cacá Diegues criaram o cinema novo; Oscar Niemeyer surgiu com as suas curvas na arquitetura; Maria Esther Bueno ganhava em Wembley como se fosse no Rio; o automóvel começou a ser fabricado na era JK; o técnico húngaro, Béla Guttmann, chegou ao Brasil e ensinou para os já retardados “treineiros”, que por aqui se achavam técnicos, como tratar uma equipe de craques e torna-la campeã. A maior surpresa foi a escolha de Vicente Feola, exatamente aquele que mais aprendeu, para ser o técnico da Seleção Brasileira.
Sobre Béla Guttmann cabe uma passagem pelo futebol português:
Os portugueses do Benfica contrataram Béla Guttmann, que descobriu Eusébio, e ganharam a Copa da Europa em 1961, do Barcelona, e em 1962 do Real Madri. Béla pediu um aumento e os nossos patrícios mostraram a porta da rua para o húngaro. Ele lançou a “Maldição de Béla Guttmann” sobre o Benfica ao dizer que durante 100 anos o clube português não venceria as Copas Européias. O Benfica já foi a 7 finais e não ganhou nada. Os vermelhos fizeram uma estátua, na Hungria, por um artista húngaro, medindo 2 metros de altura, para Béla, com a finalidade de espantar a maldição. Ainda não deu.
Está na hora de recriarmos o Béla Guttmann, pois ele não lançou nenhuma maldição sobre nós. Ele, perguntado sobre quem seria o maior jogador de futebol do mundo, respondeu com o seu famoso conhecimento:
— O Garricha! Os outros podem ser marcados.
Béla Guttmann morreu em 1981.
Não dá mais para segurarmos na corda do Círio de Nazaré, e fazermos promessas no Senhor do Bonfim para Dungas, Tites, Parreiras, Felipões, Luxemburgos e outros amaldiçoados da bola. Pegamos um nó tático do Chile e um banho de bola no segundo tempo de jogo. O treinador argentino, contratado pelos chilenos, na entrevista coletiva ao final do jogo, disse:
— Fomos muito bem e nenhuma bola no primeiro tempo nos ameaçou. Fomos para cima e ganhamos como prevíamos.
Foi um show de futebol e de tática. O time chileno, se escolhida uma seleção, das duas equipes, só entra com dois jogadores. Os do meio campo. Três, se colocarmos o craque que estava contundido, mas colocaríamos o Neymar.
Somos uma tragédia futebolística e já estamos com nove anos de maldição se considerarmos 2006 como um ano para se contar.
O “Treineiro Dunga”, um abuso aos brasileiros, ainda achou que fomos muito bem e que uma bola, já esperada, como sendo a de primeiro pau, nos acabou.
Dunga, não!
O goleiro é da segunda divisão, o que diz que os centroavantes que o põe à prova, não são de primeira. Um goleiro de seleção brasileira deve pegar uma bola difícil por jogo. O São Marcos fazia três ou quatro defesas muito difíceis pela seleção. O nosso goleiro espalmou para dentro do gol, no primeiro do Chile e, no segundo gol, saiu de joelhos, tentando pegar galinhas. Pegou gol. O nosso meio campo tem medo e incapacidade de avançar. Ou são proibidos. O nosso Oscar, colocado claramente para fazer o papel de Neymar, não sabe chutar com a perna esquerda e quando chutou com a direita, errou todas. Quero dizer que acho o Oscar um novo Paulinho, aquele do Corinthians, que não jogava nada e foi preciso levarmos de 7×1 para que o esquecêssemos.
Eu continuo achando que a parte tática e a parte física, ainda não chegaram aos limites da CBF.
Só para lembrar: o Marco Polo del Nero, presidente da CBF, poderá nos representar em algum desses jogos que acontecerão fora do Brasil? Vou perguntar ao FBI.
Roberto Caminha Filho, economista, nacionalino e chato, jura que não assistirá mais jogos do Brasil na era Dunga.