Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – A primeira entrevista dos candidatos que vão disputar o segundo turno da eleição para a Prefeitura de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB) e Marcelo Ramos (PR), foi de troca de farpas e de questionamentos das decisões e postura do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amazonas. Os dois também deixaram claro que, além da tendência de maior rispidez na campanha de segundo turno, vão procurar apoio dos candidatos derrotados no primeiro turno, que juntos somaram quase 40% dos votos válidos neste domingo.
Na entrevista coletiva, Arthur Virgílio Neto disse que a disputa polarizada o motivava mais e desafiou a coligação contrária a provar quem tem mais tutano para ganhar a eleição. “Essa disputa me excita, me desafia. Vou mostrar agora quem tem ou não tutano para comandar o destino dessa cidade. Temos 110 mil votos na frente. Quero ver quem tem tutano para evitar que a gente amplie essa vantagem”, declarou o prefeito.
O candidato destacou que foi o único no primeiro turno que rompeu com o Governo Melo e os problemas que ele criou para a cidade de Manaus. “Fui o único candidato a romper com Melo, e eu já havia sido enganado por ele, fui o único a romper. De todos os candidatos”, disse.
Em seguida, Arthur, ao responder a uma pergunta, disse que estava disposto a buscar o apoio de todos os candidatos, à exceção do vice-governador Henrique Oliveira (SD), que teve 1,62% dos votos. “Não vou procurar o candidato Henrique Oliveira porque ele cheira a Melo. E eu quero ele longe daqui”.
Arthur ironizou o nome da coligação de Marcelo Ramos “Mudança para Transformação”. “Polarização me agrada. Vai mostrar que não há mudança; que mostra que o que é velho não tem a ver com a idade. Velhacaria não tem a ver com idade”, afirmou.
O senador Eduardo Braga estava presente no palco em que Arthur concedeu a entrevista, ao lado também do candidato a vice na chapa, Marcos Rotta (PMDB), e o deputado federal e filho do prefeito Arthur Bisneto (PSDB). Questionado sobre sua ausência no primeiro turno da campanha, Braga afirmou que apoiou de outras formas, mas que neste segundo turno deve estar mais presente nas ruas, pedindo votos para o tucano. O senador afirmou que o seu maior engajamento já deve se iniciar na nesta semana.
Braga criticou o coligação adversária por estar associada a um governo que destruiu políticas públicas e avanços, sobretudo na área da saúde, conquistadas no governo dele.
Arthur Virgílio afirmou que espera no segundo turno uma proposta com menos mentiras. Ironizou o fato de inserções de sua campanha terem sido exibidos após o período de propaganda gratuita por meio de direito de respostas. “Mentir não é um caminho. Na quinta-feira, perdeu quase todo o tempo dos proporcionais dele; na sexta falei na TV que não foi brincadeira. No sábado, de novo. Estava indo dormir e eu mesmo não aguentava mais me ver. É saudável uma pessoas ser punida mais de 240 vezes por ter mentido na TV? A justiça eleitoral está errada? Tem que se adaptar?”, questionou Arthur.
Apesar de elogiar as decisões do TRE, o prefeito disse que a coligação contrária procurou as juízas fora dos processos. “Não conheço pessoalmente nenhuma das duas juízas. Sou neto de um desembargador honrado e aprendi que a Justiça a gente não procura, como sei que eles fizeram. A gente tem advogado para peticionar para a Justiça punir com rigor a mentira. Procurar é um desrespeito às juízas e à Justiça”, afirmou.
Marcelo Ramos
O candidato Marcelo Ramos destacou que sua votação em primeiro turno foi muito boa porque ele ganhou votos em relação ao pleito passado, e Arthur Virgílio perdeu. “Ele perdeu 300 mil votos de lá para cá. Eu ganhei mais de 170 ml votos”, disse.
O ex-deputado afirmou que 65% do eleitorado de Manaus não aprova a gestão Arthur e o rejeita. Disse que vai procurar apoio dos demais candidatos no segundo turno porque acredita que a rejeição do tucano pode ser ponto favorável às possibilidades de vitória dele.
“O resultado mostra que Manaus quer mudança. No primeiro turno, teve quatro opções e agora tem como opção a nossa candidatura. Vamos conversar com todos no momento apropriado. Agora, o momento é de parabenizá-los pelo desempenho. Silas e Serafim tiveram 43 segundos e alcançaram mais de 10% de votos”, disse.
O senador Omar Aziz (PSD) e os deputados federais Alfredo Nascimento (PR) e Pauderney Avelino (DEM) também falaram durante a coletiva. Os deputados destacaram as qualidades políticas de Marcelo e as dificuldades que, segundo eles, Arthur terá neste segundo turno em relação a rejeição expressa contra a gestão dele neste resultado de primeiro turno.
O senador Omar Aziz deu declarações mais duras e apontou defeitos do antigo amigo. “Não podemos permitir que Manaus tenha um prefeito que de manhã é uma coisa, de tarde é outra, à noite é outra e de madrugada, haja madrugada, que os digam os garçons, é outra. E quem está falando isso é o Omar Aziz não é o Marcelo. É o Omar que conhece o Arthur”, declarou.
Omar listou situações que o levam a crer que Marcelo contará com o apoio dos demais candidatos. “O Silas eu sei o quanto sofreu para se eleger deputado federal, porque o prefeito saiu arrebentando com todo mundo para derrotar, Silas e Pauderney. O Serafim, o prefeito desrespeitou ele num bilhete. Assim como fez comigo, guardei a mensagem”, declarou.
Marcelo Ramos e os parlamentares revelaram que vão levar ao TRE e ao TSE as decisões que deram, na opinião deles, a Arthur Neto mais dois dias de campanha. Omar reclamou das decisões: “Fui chamado de corrupto e não tive direito de resposta. Mas o Marcelo disse que sobrou dinheiro e faltou competência. Deus o livre chamar o Arthur de incompetente. Só por causa dessa palavra ganhou quase 300 direitos de resposta. Nem na época da ditadura vi uma coisa dessas. Hoje assisti uma entrevista do presidente do TRE-AM, Yêdo Simões, dizendo que o pleito correu na normalidade. Não ocorreu não. Houve ausência muito grande de vossa parte como presidente. Uma coisa que nunca vi no Brasil”, disse Omar.
O senador afirmou que quando foi governador valorizou a Justiça. “O desembargador sabe disso. O (presidente do TJ-AM Flávio) Pascarelli também. Não tirei do Tribunal de Justiça, aumentei três vezes o repasse e posso falar isso. Não é porque dei como governador que tenho direito de fazer o que quero. Mas não é porque sou ex-governador que não tenho direito de me defender”, reclamou Omar Aziz.
Marcelo Ramos tem apoio de Omala e Zé Merenda. Que “mudança”é essa ? Dia 30 , é 45 de novo!