Minha filha mais velha, ano passado, fez a seguinte pergunta ao passar em frente às instalações do Comando Militar da Amazônia na Ponta Negra: “Mãe, com tanta violência em Manaus, por que os muros são tão baixos nas instalações do Exército?” E eu respondi: “Filha, o maior dos bandidos pensaria mil vezes antes de ultrapassar esse muro baixo, porque sabe o que esperaria por ele: reação imediata, ordem e acima de tudo, amor à Amazônia e ao Brasil”.
Esse diálogo familiar traduz o significado das Forças Armadas para a maioria de nós, brasileiros. E eis por que o Brasil passou a acariciar a ideia da volta dos militares. O País padece de autoridade, de moralidade, de representatividade e, acima de tudo, de credibilidade. Bandidos ocupam espaços, que deveriam ser ocupados por cidadãos de bem e governantes são vistos de braços dados com a criminalidade, muitos deles presos ou na iminência de detenção. Por onde pegar o fio de novelo dessa trama e recompor o sentido da ordem social, num país que virou campeão de corrupção, de uso e tráfico de drogas, é o desafio.
O Ministro Marco Aurélio Melo do STF questionou a eficácia da intervenção militar no Rio de Janeiro: “O problema passa pelo aspecto social. Ver como se conserta esse contexto de absoluto desequilíbrio entre serviços essenciais, necessidades da população, entre mão de obra ofertada e empregos”, ou seja, a completa ausência do Estado causou o crescimento do crime organizado.
Em entrevista a um debate na TV, no último sábado, o general Augusto Heleno Pereira descreveu o caos institucionalizado com uma imagem a resumir a distorção Brasil: traficantes exibem fuzis de última geração e marcam presença como autoridade em um país onde a corrupção atinge até os mais altos escalões.
O papel desempenhado pelas Forças Armadas Brasileiras, Marinha, Exército e Aeronáutica está descrito no art. 142 da Constituição Federal e destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer deles, da lei e da ordem.
O General Guilherme Theóphilo, que foi dirigente do Comando Militar da Amazônia, e diga-se, um grande homem que desempenha uma grande missão, resumiu a questão: “O papel do Exército Brasileiro nessa conjuntura é respeitar a Constituição e agir de acordo com os preceitos da democracia. Atuaremos, se preciso for, para garantir o cumprimento da lei, a manutenção da ordem e o perfeito funcionamento das nossas instituições”.
Uma publicação inglesa, The Economist, trouxe pesquisa, cujo teor afirma que o Exército Brasileiro é visto por muitos como uma instituição de extrema confiabilidade. Um exemplo disso foi a pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas em 2014 e 2015, em sete Estados do Brasil, incluindo o Amazonas, que, constatou as Forças Armadas serem detentora de alta credibilidade perante a população brasileira. Em 2014, esse índice de confiabilidade era de 64% e, em 2015, saltou para 68%.
E o que nos leva, neste momento de profunda crise moral que massacra o Brasil, a acreditar que as Forças Armadas, em especial o Exército, será a cura de todos os males? Talvez o sentimento abrigado em nossos corações, a traduzir nossos medos mais sombrios de que “somos um País que está à deriva, que não sabe o que pretende ser, o que quer ser e o que deve ser”, explícito na frase do General Villas Boas.
Qualquer saída ou qualquer equívoco precisam submeter-se ao crivo da Lei e só será decisiva e definitiva se tivermos consciência de que a maior mudança se dará por meio da educação, desde os tenros espaços de qualificação. O enfrentamento é inevitável para fazer emergir um País melhor, amadurecido e, acima de tudo forte, nos seus propósitos.
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