Da Redação
MANAUS – O governador Amazonino Mendes (PDT), que disputa o segundo turno da eleição para o Governo do Amazonas, afirmou que o ex-governador José Melo, preso em dezembro de 2017 na Operação Estado de Emergência, foi vítima de uma organização criminosa “envolvente, poderosa e muito forte” que atua no Estado do Amazonas: “Melo não é um ladrão, ele foi uma vítima”, disse Amazonino.
A afirmação foi feita na noite de segunda-feira, 15, durante reunião realizada no Hotel Da Vinci, na zona centro-sul de Manaus, com prefeitos e vereadores do interior do Amazonas, que assinaram um manifesto em apoio à candidatura dele. O ATUAL recebeu um vídeo com a fala do governador, gravado durante o evento.
“Nós tivemos um cara, um homem bom. Eu acho que ele foi uma grande vítima. Foi humilhado, foi preso. Até hoje eu me refiro a ele com muita pena. Ele não teve a visão, a percepção, nem a experiência que eu tenho. Ele cedeu, ele permitiu, ele recuou e terminou por isso”, disse o governador ao falar sobre a cassação de José Melo.
Para Amazonino, o ex-governador não foi o responsável pelo “assalto” milionário ao Estado do Amazonas descoberto pela Operação Maus Caminhos e seus desdobramentos.
“Não foi ele que assaltou o Estado. Tinha uma estrutura de assalto no Estado. Uma organização criminosa no âmbito do Estado, envolvente, poderosa e muito forte. Foi o que acarretou essa fatalidade com um homem que visceralmente é bom. Melo não é um ladrão, ele era uma vítima”, disse Amazonino.
Tentativa frustrada
Amazonino afirmou que a mesma organização criminosa que agiu durante o Governo Melo tentou fazer dele a próxima “vítima”, com interesses de manter privilégios e outros esquemas de corrupção no Estado.
“Tentaram me fazer também. E comigo, que sou o pai de muita gente. Mesmo assim, audaciosamente, tentaram. Como não conseguiram, brigaram. Pensaram da seguinte forma: ele está velho, ele não tem Assembleia [Legislativa], nós vamos cortar a força dele, dividir a Assembleia, ele fica sem força na Assembleia e vai ter que se entregar. Esse foi o plano. Enfrentei a Assembleia, enfrentei tudo.
Amazonino disse que a organização criminosa a que se referia não foi extinta e ainda permanece no Estado. “Essa organização criminosa ainda não morreu. Ela está viva, está muito viva e estruturada, bem estruturada”, disse.
O governador lembrou do pedido de impeachment feito pelos deputados de oposição na ALE em abril deste ano e disse que enfrentou a Assembleia “em nome do Estado e pelo Estado”.
Afirmação mantida
Na tarde de terça-feira, 16, o ATUAL questionou o governador Amazonino Mendes, em mensagem enviada por e-mail para a assessoria dele, se ele mantinha as afirmações e a quem se referia quando falou de “organização criminosa que assaltava o Estado”.
Sem citar nomes de pessoas, a assessoria diz que eram grupos que lhe apoiaram em 2017 na eleição suplementar para o cargo de governador, depois da cassação de José Melo. E diz que essas pessoas apoiam o candidato adversário Wilson Lima (PSC) nesta eleição.
Confirma a resposta da assessoria de Amazonino na íntegra.
“O governador mantém sua afirmação. Grupos que lhe apoiaram, em 2017, tentaram manter privilégios e outros esquemas corruptos no Estado, mas não conseguiram.
Alguns, de forma clara, com interesses contrariados pela atual administração, passaram a lhe fazer oposição ao longo do governo e na atual eleição, onde continuam vivos, tentando voltar ao poder.
Os grupos aos quais o governador se referiu são os dos políticos e empresários envolvidos na operação Maus Caminhos, conhecidos da sociedade via imprensa, que, agora, apoiam declaradamente o candidato adversário Wilson Lima.
Entre estes grupos, alguns ainda mantém contratos assinados em governos passados com o Estado, cujos valores foram auditados e reduzidos na atual administração, para que os serviços não sejam interrompidos, até que as novas licitações sejam realizadas.
São estes os grupos aos quais o governador se referiu”.
Alarme
Nesta terça-feira, 16, a campanha do candidato Amazonino Mendes divulgou um vídeo na propaganda de rádio e TV e na página dele no Facebook com um alarme ao fundo e o narrador com a seguinte mensagem: “Quando o alarme toca, algo está errado. Numa eleição também tem alarmes. Em 2014, o alarme tocou e a maioria não prestou atenção. Melo foi eleito e o grupo por trás dele fez do governo um balcão de negócios. O resultado foi o caos. Agora, grupos como esse querem voltar ao poder. O alarme está tocando. Não dá para ignorar de novo”.