MANAUS – A greve dos auditores fiscais da Receita Federal em Manaus, iniciada na sexta-feira, 15, já está fazendo estrago na atividade portuária e ameaça a indústria da Zona Franca de Manaus. De acordo com o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, nesta segunda-feira, 360 contêineres estavam parados nos portos de Manaus à espera de liberação. Segundo Périco, por dia chegam cerca de 400 contêineres em Manaus, mas desde sexta-feira a Receita Federal só havia liberado 14.
Na tarde desta segunda-feira, o presidente do Cieam se reuniu com representantes da Delegacia Sindical do Sindifisco Nacional, José Jefferson Almeida e Frederico Augusto Castelo Branco, e pediu bom-senso tanto por parte do governo federal quanto por parte dos servidores da Receita para que a greve não prejudique ainda mais a atividade industrial no Amazonas. Depois da reunião, ambos concederam entrevista coletiva à imprensa, na sede do Cieam.
“A conversa entre nós e os representantes do Sindifisco foi para que compreendêssemos o pleito dos servidores da Receita Federal. Nós concordamos que o pleito deles é justo, porque houve a quebra de um acordo firmado há quatro meses. Por isso, pedimos bom-senso ao governo federal e também aos servidores porque a greve coloca e, risco os investimentos no Polo Industrial de Manaus”, disse Périco.
O presidente do Cieam também disse que a greve ameaça os empregos tanto da indústria quanto do comércio, porque ambos os setores dependem da liberação de cargas pelos auditores fiscais da Receita Federal.
Atualmente, segundo ele, o PIM tem cerca de 80 mil trabalhadores e a paralisação das atividades da Receita pode levar os investidores a demitir ainda mais, nesse período de crise.
Reivindicação
Os auditores da Receita Federal reivindicam um reajuste salarial de 5,5%, fruto de um acordo firmado em março deste ano, ainda no governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Nesses quatro meses, o governo deveria enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei para concessão do reajuste, o que não foi feito até hoje. Na sexta-feira, 15, a proposta de PL saiu do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para a Casa Civil.
O representante do Sindifisco no Amazonas, José Jefferson Almeida, disse que o sindicato tentou, por diversas vezes, o diálogo com o governo federal, mas as negociações não avançaram.
No encontro desta segunda-feira com o Cieam, o Sindifisco firmou compromisso de liberar todas as cargas de medicamentos e produtos para uso na saúde e de não causar prejuízos para as cargas de alimentos perecíveis.
O sindicato afirma que vai manter 30% da atividade alfandegária no Amazonas, como determina a legislação.
O presidente do Cieam, Wilson Périco, disse que o setor industrial vai pressionar o governo federal, através dos parlamentares representantes do Amazonas, mas não vai deixar de questionar judicialmente a greve dos servidores da Receita Federal. O Cieam prepara uma ação com pedido de suspensão da greve.
José Jefferson Almeida disse que o sindicato vai cumprir qualquer determinação judicial, mas que por enquanto a greve segue no Estado com força.