Do ATUAL
MANAUS – O advogado Vilson Benayon pediu à Justiça do Amazonas a internação de Cleusimar Cardoso Rodrigues e Ademar Farias Cardoso Neto, mãe e irmão da ex-sinhazinha da fazenda do Boi Garantido Djidja Cardoso, que morreu em Manaus na terça-feira (28). Vilson disse que os dois são “extremamente dependentes químicos” e tiveram crise de abstinência na cadeia.
“Nossa principal questão hoje é a abstinência deles. Solicitamos condições de tratamento”, afirmou o advogado ao site UOL. “Pedimos o [exame] toxicológico e a internação dos dois em uma clínica de reabilitação. Eles foram atendidos na enfermaria do complexo prisional em crise de abstinência”, completou Vilson.
Cleusimar e Ademar foram presos na última quinta-feira (28) na casa em que Djidja foi encontrada morta, no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus. A gerente do salão de beleza em que Djidja era sócia, Verônica da Costa Seixas, também estava no local e foi presa. Os investigadores suspeitam que o trio se preparava para fugir.
A polícia apura diversos crimes praticados pela família de Djidja, que liderava uma seita intitulada “Pai, Mãe, Vida”, em que adeptos – incluindo funcionários do salão de beleza de Djidja – eram induzidos a usar drogas para entrar em transe. Segundo a polícia, nessa seita, a família acreditava que Ademar seria Jesus, que Cleusimar seria Maria e que Djidja seria Maria Madalena.
“Essa seita, denominada ‘Pai, Mãe, Vida’, era administrada por essa família. Inclusive, a própria Djidja, que é ex-sinhazinha, era investigada em razão de sua participação nessa seita. A morte dela foi o estopim para que a gente pudesse realizar as representações em relação ao caso”, afirmou delegado Cícero Túlio, do 1º DIP (Distrito Integrado de Polícia).
Entre os crimes investigados estão cárcere privado, estupro de vulnerável e aborto. Segundo a polícia, duas mulheres relataram que foram estupradas enquanto estavam dopadas. Cícero Túlio disse que os investigadores também apuram “a possibilidade de ter acontecido um aborto” com relação a uma delas.
“Elas relataram a situação do estupro, principalmente pelo fato de terem sido dopadas durante o ato sexual e não se lembrarem absolutamente nada sobre aquilo. Algumas delas permaneceram despidas por vários dias, sem sequer tomar banho, em uma situação de cárcere privado. Inclusive, no momento em que adentramos àquela residência, o cheiro de podridão era muito forte”, disse.
Na casa de Djidja, os agentes encontraram centenas de seringas – algumas preparadas para uso, e diversos medicamentos, incluindo frascos de ketamina (cetamina), um forte analgésico usado em cavalos. O fármaco, que era comprado clandestinamente de uma clínica veterinária, era injetado nos adeptos da seita, que ficavam em transe, vulneráveis.
No dia em que foram presos, Cleusimar e Ademar não tiveram condições de prestar depoimentos, pois estavam sob efeitos de substâncias psicotrópicas. A informação é mencionada por Vilson Benayon para pedir a internação dos dois. “A forma como a polícia encontrou eles na casa foi extremamente degradada, eles estavam se matando, estavam muito debilitados”, afirmou Vilson.
A polícia também prendeu Claudiele Santos da Silva e o Marlisson Vasconcelos Dantas, que trabalhavam como maquiadores em um dos salões de beleza de Djidja. Eles são acusados de viabilizar a compra dos medicamentos na clínica veterinária. Ambos se apresentaram na delegacia acompanhado de advogados.