Por Maria Derzi, da Redação
MANAUS – O sistema de incentivo fiscal para atrair investimentos não se reverte em geração de mais empregos pelas empresas no Polo Industrial de Manaus (PIM). No Amazonas, o desempenho da economia tem resultado mais em demissões que em contratações. De janeiro a setembro deste ano, 14.017 (-3,24%) postos de trabalho não foram preenchidos, segundo o Ministério do Trabalho. Nesse período, 116.153 trabalhadores foram dispensados e 102.136 mil contratados.
“Nós perdemos de 2015 para cá 51 mil empregos diretos, de acordo com dados do Cadastro Geral de Emprego e Desempregados (Cagede). Tivemos um saldo líquido negativo, em 2015, de -37 mil e, em 2016, de -14 mil, isso levando em consideração vagas de empregos com carteira assinada”, disse o secretário de Estado da Fazenda, Afonso Lobo, ao apresentar o balanço financeiro do governo do Estado, nesta quarta-feira, 28.
Lobo atribui o desemprego e a redução na receita tributária ao impacto da queda na atividade econômica no Estado, maior em função da base de produção ser bens duráveis eletroeletrônicos, de menor consumo. “A deterioração da economia do Amazonas é sempre mais aguda do que a média nacional porque a nossa economia está baseada na produção industrial de bens de consumo duráveis. É o primeiro produto que as pessoas deixam de consumir num cenário de crise. Por isso que o Amazonas sofreu mais que a média nacional”, justificou.
De janeiro de 2014 a novembro de 2016 o Amazonas perdeu 41,2% em volume físico da produção industrial, próximo da metade que tinha em dezembro de 2013. “O Brasil perdeu de produção industrial 22,7% e o Amazonas quase o dobro. O Amazonas é o Estado do Brasil que tem a maior dependência da produção industrial. Um total de 31% de sua economia depende da indústria”, disse o secretário.
Este ano, o Amazonas perdeu 13,2 % de volume físico de produção industrial em relação a 2015. “Na Região Norte, a queda foi de -7,9%. “Já em termos de atividade comercial, o Amazonas teve uma perda de 13%, o Norte, em geral, teve uma queda de 10,1% e o Brasil de 9,3%. Em termos de produção de serviços, o Amazonas teve uma perda de 14,8%, enquanto que na Região Norte o resultado negativo foi de -5,9% e, no Brasil, a média de -5%”, informou Lobo.
Afonso Lobo diz que o governo considera tímido o cenário econômico para 2017, o que deve influenciar negativamente na geração de emprego e renda. “No curto prazo não vemos uma boa expectativa para recuperação de emprego. Entretanto, estamos nos preparando para que no momento em que a atividade econômica for retomada, o Amazonas tenha um crescimento importante. Temos, por exemplo, a decisão da Organização Mundial do Comércio que considerou a lei de informática brasileira ilegal. Por isso, temos sido bastante procurados por empresas que hoje estão no centro sul do país para se instalarem aqui na Zona Franca de Manaus”, disse Lobo. “A ZFM é o único porto seguro para a economia nacional, para as empresas e investimentos, sobretudo, em eletroeletrônicos e bens de informática porque a OMC deu um ano para o Brasil ajustar sua lei de incentivos fiscais”, disse.