EDITORIAL
MANAUS – Em mensagem enviada aos trabalhadores neste fim de ano, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que 2023 foi o ano da “volta” da estatal. De acordo com Prates, a Petrobras “Voltou a olhar para um futuro próspero e sustentável, para novas frentes na produção de energia, para novas fronteiras de óleo e gás, para novas e novos empregados chegando em nosso time. Voltou também a valorizar nossa trajetória, nossa presença em cada canto do País, e nossa diversidade em todas as suas formas.”
O presidente da Petrobras não falou do principal: a estabilidade nos preços dos combustíveis. O Brasil fecha o ano com a gasolina abaixo de R$ 6 na média brasileira. Em Manaus, a maioria dos postos vende o litro a R$ 5,79.
Em abril de 2022, quem não lembra? O preço da gasolina disparou e chegou a ser vendida a mais de R$ 8 o litro. Naquele mês, a média de preços no Brasil ficou em R$ 7,27, um recorde. Nunca o brasileiro havia pagado tão caro pela gasolina, o principal combustível e o que mais impacta nos preços em todos os setores da economia.
Ao mesmo tempo em que os brasileiros eram forçados a pagar a gasolina mais cara de sua história, os acionistas da Petrobras comemoravam os mais altos lucros da história da petroleira. Nunca na história eles haviam recebido um volume tão grande de dinheiro como pagamento de dividendos.
O governo da época, embarcando no discurso liberal de que não se pode fazer intervenção na Petrobras, que à época tinha uma política de preços atrelada ao dólar e aos preços do petróleo no mercado internacional, resolveu cortar os tributos dos combustíveis, penalizando estados e municípios, em favor dos acionistas da estatal. A medida eleitoreira quase quebra os Estados.
Passada a eleição de 2022, o discurso dos economistas canalhas atrelados às empresas que lucram no mercado financeiro era de que o Governo Lula iria levar a Petrobras à derrocada se fizesse qualquer intervenção na política de preços. Quando da nomeação de Jean Paul Prates para presidir a companhia, de novo os discursos foram o de que a Petrobras estaria em péssimas mãos.
Menos de um ano depois, a Petrobras, além de reduzir os preços dos combustíveis (no Brasil, o preço médio da gasolina está R$ 5,61 e o diesel, R$ 6,06), aumentou em quase 10% o fator de utilização de suas unidades de produção de derivados, que chegou a 96%. Esse aumento de produção ajudou a compensar a redução de preços, que ocorreu justamente com o fim da política de paridade de importação, criado pelo Governo Temer e mentida pelo Governo Bolsonaro.
A Petrobras expandiu as refinarias existentes e costura parcerias com refinarias privatizadas no governo passado. A empresa também reinaugurou sedes e polos de operação em Estados brasileiros, na contramão da política que vinha sendo implementada por Bolsonaro.
Os fatos falam por si e mostram uma aproximação da Petrobras com o Brasil. Uma mudança de olhar, que antes estava direcionado ao exterior e aos seus acionistas, a maioria empresas de fora do país.
É possível fazer mais, é possível reduzir ainda mais os preços ao consumidor, elevar a produção nacional, garantir autossuficiência de petróleo ao Brasil e avançar na produção de energia limpa, como exigem os novos protocolos mundiais.
A mudança de rumo da Petrobras não foi pequena em 2023. Que seja assim em 2024.