Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – O estudo do PIB (Produto Interno Bruto) dos Municípios relativos a 2021, divulgado nesta sexta-feira (15) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que Manaus permanece na quinta posição no ranking nacional.
O PIB de Manaus em 2021 foi de R$ 103,2 milhões, com 1,15% na participação nacional da economia. Perde apenas para São Paulo, que tem PIB de R$ 828,9 milhões (9,20% do PIB brasileiro), Rio de Janeiro (R$ 359,6 milhões e 3,99%), Brasília (R$ 286,9 milhões e 3,18%) e Belo Horizonte (R$ 105,8 milhões e 1,17%).
O economista José Altamir Barroso Cordeiro diz que é importante separar o aumento do PIB da qualidade de vida. Para Altamir, muitas vezes o crescimento do PIB pode trazer também problemas em relação a vida das pessoas.
“O PIB é um indicador de avaliação econômica. Representa a soma de bens e serviços finais produzidos em uma determinada região, como uma cidade, estado ou país. Funciona com um termômetro da economia. Se cresce o PIB é porquê as atividades econômicas estão aquecidas, gerando emprego e renda para a população na região, do contrário, se decresce, as atividades econômicas estão reduzidas, gerando desemprego e falta de renda na região”, explica Altamir Cordeiro.
“No entanto é importante separar essa avaliação com aumento de qualidade de vida em função do crescimento do PIB. Muitas vezes o crescimento do PIB pode trazer também problemas em relação a vida das pessoas. Um exemplo para essa questão é a seguinte: se você mora perto de onde trabalha, não gasta com transportes no seu deslocamento, caso você precise andar de ônibus, carro ou outra modalidade de transportes, isso causará aumento do PIB, pois foi gerado um serviço a mais”, diz o economista, relacionando o uso de transportes a problemas no cotidiano como estresse pelo tempo no trânsito, engarrafamento e aumento da poluição.
“O PIB aumenta com o aumento do consumo de produtos e serviços das pessoas. Seja a utilização de serviços médicos ou de transportes, aumento de gastos com combustíveis entre outros”, completa.
Norte pobre
O critério de composição do PIB é em relação a preços correntes e o ranking leva em consideração participações percentual e acumulada. Dos 100 maiores PIBs brasileiros, apenas cinco são da região Norte: Manaus (5º), Parauabepas (PA, em 22º lugar), Canaã do Carajás (PA, em 34º), Belém (38º) e Porto Velho (65º).
Para Altamir Cordeiro, os números da região chamam atenção para a carência de incentivos ao desenvolvimento regionalizado. “A riqueza não pode ficar concentrada em polos de desenvolvimento sem que irradie por toda região”, analisa.
” A cidade de Manaus, concentra quase toda riqueza do estado do Amazonas , em virtude da Zona Franca de Manaus e os restantes dos municípios não conseguem se desenvolver na mesma região. No Pará, a exploração dos recursos minerais , tem criado renda e emprego em pequenos municípios e não conseguem irradiar para toda região também”, acrescenta.
O economista sugere mudanças de políticas públicas de desenvolvimento regional para mudar a realidade e a atingir a todos. “E isso se faz com Zoneamento Econômico. Descubra as potencialidades de cada local e implemente políticas sérias e contínuas para gerar o crescimento sustentável nessas regiões. Em Rondônia, temos a agropecuária que gera renda e emprego, da mesma forma , concentrada”, afirma.
Melhor distribuição
“É importante o crescimento do PIB, mas também a justa distribuição de renda e emprego nas outras cidades da região avaliadas”, diz Altamir Cordeiro.
O estudo do IBGE aponta avanço nesse aspecto. Ao longo dos últimos anos a economia tem se mostrado menos concentrada. Em 2002 apenas quatro cidades – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, representavam 24,2% do PIB nacional.
Pelos índices de 2021, para chegar a 24,4% do PIB, precisa somar os 11 primeiros colocados no ranking: São Paulo (9,2%), Rio de Janeiro (4%), Brasília (3,2%) e Belo Horizonte (1,2%), Manaus (1,1%), Curitiba (1,1%), Osasco (SP) (1%), Maricá (RJ) (1%), Porto Alegre (0,9%), Guarulhos (SP) (0,9%) e Fortaleza (0,8%).
Em 2002, era preciso somar as riquezas de 48 cidades para se alcançar 50% do PIB. Em 2021, esse número saltou para 87, mostrando um país menos concentrado.