Do ATUAL, com Estadão Conteúdo
MANAUS – A cantora Ludmilla, de 28 anos, acusou Thiago Gagliasso, 34 anos, de racismo. Ela não citou o nome do parlamentar, mas rebateu declaração dele ao ser criticada por receber a Medalha Tiradentes, honraria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Segundo Ludmilla, Thiago Gagliasso disse que ela não merecia o prêmio por ter errado a letra do Hino Nacional no GP de Fórmula 1 do Brasil e fazer apologia às drogas em suas músicas. “A gente sabe que existem várias pessoas do funk que são conservadoras, como o falecido Mr. Catra, como milhões de comunidade que eu frequento”, disse Gagliasso.
“Então não tem nada a ver com coisa racial, e sim pela postura que a gente como conservador tem que defender. De fato saber cantar um Hino Nacional, saber que não pode vender ‘verdinha’… É posição de cada um. Depois a gente é taxado como racista, de homofóbico etc’, disse o deputado para argumentar seu voto contrário a Ludmilla.
Mas, segundo Ludmilla, a decisão foi pessoal, já que os atos racistas do deputado com ela teriam começado tempos atrás. “A gente estava na casa de uma das pessoas mais famosas desse país. E eu estava acompanhada de um cara. Daí ele conheceu esse cara. Ele chegou nesse cara, na minha frente, e falou: ‘Pô, tanta mina gata na festa e você está com essa macaca?’”, indignou-se ao relatar.
“A gente olhou para a cara dele e começou a discutir. E, aí, já veio um monte de gente pedindo calma, dizendo que ele é assim mesmo, que às vezes passa dos limites. Eu falei que nesse tipo de situação não tem calma”, relatou a cantora. “Fiquei muito mal, esse foi um dos piores tipos de racismo que eu já sofri na minha vida”, lamentou.
Queixa
Thiago Gagliasso revelou que prestou uma queixa contra Ludmilla na noite desta quinta-feira (23), após a cantora relatar que sofreu racismo por parte de um parlamentar e internautas apontarem que se tratava dele. O deputado falou sobre o assunto nas redes sociais.
“Chegando aqui na delegacia, porque lugar de acusar é na internet, mas lugar de provar é na Justiça. Fui acusado de algo que não fiz, um crime que não cometi, e quem me acusou vai pagar, porque aqui não tem nenhum palhaço”, disse.
Em seguida, Thiago se gravou saindo da delegacia e reiterou: “eu vou até o final. A brincadeira da Lud tá só começando. Aqui não tem nenhum maconheiro, malandro, não. Não tá lidando com o seu povinho, não”.
Ludmilla não havia se pronunciado sobre as publicações do deputado até a publicação desta matéria.
Ludmilla será homenageada com a medalha Tiradentes, a mais alta condecoração do Estado de Rio de Janeiro. Durante a votação, alguns deputados votaram contra a honraria. A cantora usou as redes sociais para relatar ataques racistas que vem sofrendo recentemente de um desses parlamentares.
“Então ele não votou contra [a medalha] por causa de música nenhuma não. Foi porque ele é racista”, disse. “Nunca falei nada disso aqui porque dói. Mas hoje acordei com um vídeo dele super hipócrita, dizendo que não é racista, mas é”. “Mas ele vai passar mal. A mãe ganhou a medalha”, concluiu.
Em novo story, ela deu novas pistas, ressaltando que se trata de um político. Segundo ela, é uma pessoa “rejeitada pela família”. Para fãs de Ludmilla, ela estaria se referindo ao deputado Thiago Gagliasso (PL), irmão de Bruno Gagliasso – com quem Thiago não têm boa relação.
O político usou suas redes sociais na última quarta-feira, 22, para mostrar seu voto contrário à medalha para a cantora. “Nada pessoal contra Ludmilla”, disse o deputado. “Não tem nada a ver com coisa racial. É a postura que a gente, como conservador, tem que defender. Que é de fato saber cantar um hino nacional, saber que não pode vender verdinha”.