Da Redação
MANAUS – Projeto de nova matriz econômica no Amazonas motivou o ex-governador José Melo (Pros) voltar à política. O plano, que consiste na exploração mineral e produtos à partir da biodiversidade, foi inviabilizado, segundo o ex-governador, pela cassação de seu mandato em maio de 2017 por compra de votos. Melo pretende ser candidato a deputado estadual nas eleições de 2022.
“É um recomeço. Do primeiro degrau”, disse em entrevista ao ATUAL na tarde desta quarta-feira (24). O retorno coincide com o término da sanção eleitoral, de suspensão de 8 anos de direitos políticos.
“Quando eu fui governador do Amazonas reuni ambientalistas de várias partes do mundo, nove embaixadores, cientistas do Amazonas e sociedade civil organizada. Ficamos três dias num hotel de selva estudando de que forma o Amazonas poderia ter, além da Zona Franca de Manaus, um outro viés econômico”, lembrou.
O evento citado por Melo foi o Fórum Matriz Econômica Ambiental, no início de março de 2016, em Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros em linha reta de Manaus). O fórum teve como foco o debate da exploração sustentável das riquezas naturais.
‘Venha ganhar dinheiro no Amazonas ajudando a preservar a floresta’ é a ideia que Melo pretende ‘vender’ para voltar a exercer mandato eletivo e “colaborar com o desenvolvimento do Estado”, e atrair empresários.
Trajetória política
Secretário de Estado de Amazonino Mendes, Eduardo Braga e vice-governador na gestão de Omar Aziz, Melo tenta desvincular sua imagem do grupo político predominante que se revezaram no comando do Estado de 1983 a 2014.
Ele se classificou como o “carregador de piano” de Amazonino, Braga e Aziz. “Eu era o número 5; o carregador de piano; o Arrascaeta”, disse Melo. Ainda usando o futebol como elemento de comparação, afirmou que “quando quis cabecear uma bola para o gol”, teve seu tapete puxado, citando o senador Eduardo Braga (MDB-AM).
De acordo com José Melo, Braga bloqueou sua candidatura a governador traindo “um compromisso do grupo”. O ex-governador disse ao cobrar o acordo, ouviu de Braga: “‘Tu achas que eu vou perder a eleição para um professorzinho do interior?’ Arregacei as mangas e ganhei a eleição. E aí depois fui cassado. É essa a história, sem tirar nem botar”, disse o ex-governador Melo.
“Estou na vida pública há 42 anos. Trabalhava 12 horas por dia. Sábado, domingo e feriado. Ganhei a eleição por fruto de meu trabalho”, completou.
Melo lembrou derrotas de todos os personagens da grupo apontado por ele como ‘oligarquia política’, quando ele não participou do processo eleitoral.
“Veja a história política do Amazonas. O lado que eu ‘tava’, ganhava a eleição. No momento em que eu estava ao lado de Amazonino ele não perdeu nenhuma eleição. Quando eu estive com Eduardo, também não perdeu eleição; ganhou do Amazonino. No momento em que eles não tinham mais o meio de campo aqui, o número 5, o que aconteceu? O grupo se esfacelou. O Omar perdeu a eleição”, disse.
Se auto-declarando inocente no processo que responde e que levou à cassação de seu mandato como governador, em 2017, José Melo lamentou ter sido execrado e condenado publicamente. “Passei 133 dias preso e 1.140 dias com tornozeleira eletrônica por algo que eu não fiz. Já fui condenado por algo que não fiz. Mas tudo bem. Faz parte”.