Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Depois de sobrevoar a floresta amazônica no Estado do Amazonas, a líder do governo Bolsonaro no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que a Amazônia continua intacta e classificou de “alarmismo” o noticiário sobre as queimadas e desmatamento na região.
“Se a Amazônia está em chamas nessa região, pintaram as chamas de verde, porque o que eu vi foi um mar de mata”, disse a deputada federal nesta sexta-feira, 30, em Manaus.
Ela sobrevoou a floresta de Manaus ao município de Tefé (a 523 quilômetros de Manaus) sem visitar o sul do Amazonas, região que mais concentra focos de incêndio, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) e do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas).
A deputada explica ter escolhido a região central do estado para mostrar que notícias internacionais não condizem com a realidade.
“Vocês podem me perguntar ‘mas esse local aqui não tem grandes focos de incêndio’. É justamente para mostrar para a população que as manchetes internacionais não trazem a realidade. Se você olhar as manchetes dos jornais franceses, dos jornais da Alemanha, está lá ‘Floresta em chamas’, ‘Amazônia em chamas’, parece que tudo está pegando fogo”, diz. “Nós sobrevoamos quatro horas, ficamos andando e nessas quatro horas a gente achou uns quatro pontos de incêndio”, disse.
A líder do governo criticou a imprensa internacional pelo que ela considera sensacionalismo. “Então o meu papel aqui é, obviamente, como representante do governo, mas é também como jornalista. Para mostrar para a população o que eu vi e que de fato há uma tentativa de demonização do nosso país fora do nosso território e a soberania do Brasil tem que ser respeitada”, critica. “Então não adianta fazer cópia da visão internacional”, completa.
Joice Hasselmann comenta que em reunião com governadores o posicionamento da maioria foi de que a situação da Amazônia é a mesma. “Nós tivemos uma reunião com todos os governadores que envolvem os estados da Amazônia Legal. Nós ouvimos os senadores, os deputados e tirando quem faz demagogia e discurso político-ideológico em relação a isso todo mundo diz ‘gente, tá exatamente como sempre foi’”, afirma.
Para a parlamentar, a questão está ligada à figura do presidente. “A única coisa diferente do passado recente em relação aos focos de incêndio na região amazônica para agora é que mudou o governo. A única coisa diferente é que tem um presidente chamado Jair Messias Bolsonaro. Então quando é o Bolsonaro é um alarde, um barulho danado”, alega Joice.
Expedição Amazônia
Joice Hasselmann planeja voltar para acompanhar os incêndios na região. “Por óbvio que eu não consegui sobrevoar toda a região e por óbvio vou continuar fazendo essa expedição que eu batizei de ‘Expedição Amazônia’”, diz. “A minha agenda não é muito fácil não, mas eu quero ver se semana que vem eu pego ali a região de Porto Velho, onde a questão é um pouco mais pesada”, afirma a deputada.
Joice Hasselmann argumenta que os focos de incêndio nas regiões de fronteira ao sul do Amazonas, apontados pelo Inpe, não são novidade. “Claro que nas regiões de fronteira onde tem madeireira, desde que esse lugar existe, que as madeireiras existem, tem mais focos de incêndio nessa época do ano. Não está nada diferente até pelo mapeamento que nós temos dentro do governo, como sempre foi a vida inteira”, defende.
Conforme Hasselmann, ações criminosas serão combatidas. “A gente tem alguns focos de incêndios criminosos, nós estamos investigando isso”, afirma. “Então a gente está investigando. Todos os órgãos ligados ao meio ambiente e a segurança estão de olho nisso, e o próprio Exército tem atuado em algumas regiões para combater focos de incêndio.”
A líder do governo não nega os dados do Inpe, mas diz que o que importe não é a quantidade, mas o tamanho da área afetada. “Eu estou dizendo que os dados existem, mas o que importa é a extensão da devastação e não necessariamente o número de focos de incêndio. Eu posso ter dez mil focos de incêndio que no final das contas signifiquem um quilômetro quadrado de queimada. E eu posso ter um foco de incêndio que signifique 150 quilômetros quadrados de queimada”, diz.
Dados oficiais
Os dados oficiais do Inpe contrastam com a percepção de Joice Hasselmann. De janeiro até 30 de agosto deste ano, foram registrados no Amazonas 8.099 focos de incêndio, o que representa um aumento de 99% em relação ao no passado.
Os municípios de Apuí e Lábrea, no sul do Amazonas, estão entre os dez municípios brasileiros com o maior registro de focos de calor neste ano.
Na região norte, os satélites do Inpe detectaram um aumento de 118% nos focos de incêndio, com registro de 41.190 focos. Os Estados com maior incidência são o Pará, com 12.057 focos, o Amazonas, com 8.099, e Rondônia, com 6.551 focos de calor.
Na Amazônia Legal, o Mato Grosso é o líder de queimadas, com 16.182 focos registrados de janeiro a agosto.
Bom O PT é uma desgraça.